No pleito mais sui generis desde a redemocratização do País, tanto consumidores quanto varejistas têm se mostrado bastante reticentes quanto ao futuro. Em um cenário de incertezas e polarização a tendência é que, mesmo definido quem comandará o Brasil, a postura cautelosa norteie as decisões em 2019.
De acordo com entidades e especialistas ouvidos pelo DCI, desde 1989 – primeira eleição direta após o regime militar – não se via um cenário tão nebuloso. Como resultado, nem a baixa dos juros e a inflação sob controle tiveram qualquer reflexo positivo no consumo. “A renda pressionada e o desemprego mostram que, no dia a dia, quase nada mudou desde o ponto mais alto da crise”, diz a economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti,
Para ela conforme a corrida presidencial se aproxima, o horizonte fica mais incerto. “A recuperação da confiança requer uma retomada mais vigorosa da economia, mas isso não deve ser visto no horizonte dos próximos meses”, disse.
Essa cautela foi sentida na divulgação de resultados do terceiro trimestre das empresas de capital aberto. Gigantes como Renner, Grupo GPA, Carrefour, Magazine Luiza, foram uníssonas: é preciso aguardar o desenrolar da eleição para tomar decisões. “As grandes empresas estão receosas e farão apenas investimentos prioritários. O ambiente não é bom para as PMEs, porque o endividamento é um risco. Quem sobreviveu à crise deverá esperar o novo presidente completar um ano antes de tomar qualquer decisão”, avaliou o conselheiro da CDL-BH, Jonas Justo.
Exemplo disso foi apontado na última semana pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). De acordo com a entidade, o País deverá abrir apenas 5,2 mil lojas este ano. Antes a previsão era de um saldo positivo de 20,7 mil operações.
“A menos que haja algum fato novo absolutamente imprevisível, teremos as eleições definidas no segundo turno, o que deverá significar pelo menos mais quatro meses de letargia na economia”, disse o diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza.