As consequências do conflito Rússia e Ucrânia estão disseminadas pelo mundo todo e, no Brasil, a atenção dos especialistas está na variação de preço das commodities, com destaque para o milho e o trigo. Os dois países são grandes exportadores mundiais, sendo responsáveis por mais de 20% da oferta internacional. Em 2021, os russos produziram 88,9 milhões de toneladas de trigo e a Ucrânia foi o quinto maior produtor, com 29 milhões de toneladas.
“Avicultores, suinocultores, produtores de leite e pecuaristas de corte já estão sentindo o peso no bolso, porque além da invasão da Rússia à Ucrânia, há também o aumento do preço dos combustíveis, que impacta a cadeia produtiva como um todo. Diante disso, é essencial nos preparar pois dependemos da importação de fertilizantes, como ureia e potássio, o que também pode impactar negativamente nosso poder de produzir grãos”, disse o diretor de Negócios da Trouw Nutrition, Francisco Olbrich, em nota.
Para o consultor de Agronegócio do Banco Itaú, Cesar Castro Alves, o setor de proteínas animais é muito sensível a esse cenário. “O quadro do abastecimento das matérias-primas seguirá complicado até a entrada da safrinha no mercado. Portanto, os próximos meses serão desafiadores para quem precisa dos grãos”, disse Alves na mesma nota.
Com a incerteza quanto ao fornecimento de insumos, fará diferença a capacidade de administrar o negócio de modo eficiente. Segundo o diretor da Radar Investimentos, Leandro Bovo, o gerenciamento do risco de preços é a principal ferramenta do produtor diante desse cenário desafiador. “Existem três alternativas para gerenciar o risco de preços na pecuária de corte: venda no mercado futuro, compra de seguro de preço mínimo e bloqueio de um intervalo de preços.”
A negociação no mercado futuro envolve compra e venda de arrobas do boi, em uma data futura, por preço estabelecido no momento da negociação. Essa ferramenta pode ser utilizada pelos pecuaristas que desejam evitar as oscilações de preços.
A compra do seguro de preço mínimo fixa um valor mínimo pela arroba do boi gordo no dia programado para o abate. Caso as cotações estejam acima do valor acordado pelo produtor, é pago o preço da arroba no dia. Em caso de a cotação estar abaixo do valor definido, ainda assim o produtor garante o seguro e recebe a diferença entre preço mínimo contratado e o valor do mercado naquele dia.
Travar um intervalo de preço mínimo significa congelar um preço mínimo e preço máximo para a operação de venda do boi gordo. Essa ferramenta auxilia no planejamento do produtor, de acordo com o histórico e a projeção do custo de produção.
“Os desafios são reais. No entanto, por mais que o cenário seja desafiador, precisamos olhar o copo meio cheio: em fevereiro, o Brasil teve recorde de exportações de carne, com alta demanda global. Quando pensamos por esse lado, isso é positivo para o pecuarista. A China, por exemplo, continua comprando, ajudando a manter o valor da arroba. O fato é que temos de aprender a lidar com a situação, utilizando as ferramentas a nosso alcance”, completou Francisco Olbrich.
(Texto Comunicação Corporativa, assessoria da Trouw Nutrition)