A produção global de soja deve aumentar 1,1% ao ano entre 2021 e 2030, alcançando 411 milhões de toneladas em 2030, de acordo com relatório de perspectiva agrícola da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

No Brasil, a produção deve crescer 1,1% ao ano na próxima década, para 149 milhões de toneladas em 2030, diz o documento. Nos EUA, o ritmo deve ser menor, de 0,7% ao ano, para 123 milhões de toneladas. A produção deve aumentar também em outros países da América do Sul, com Argentina e Paraguai produzindo 55 milhões de 12 milhões de toneladas, respectivamente, em 2030, de acordo com o relatório. Na China, a produção de soja deve continuar aumentando em resposta ao menor suporte do governo ao cultivo de cereais, dizem OCDE e FAO. Crescimentos também são esperados na Índia, Rússia, Ucrânia e Canadá.

Segundo as instituições, os estoques mundiais de soja devem permanecer estáveis, refletindo uma menor relação estoque/uso de 10,5% até 2030. “De modo geral, essa relação permanece baixa em comparação às duas últimas décadas, o que sugere que quebras de safra podem levar rapidamente à escassez de soja no mercado.”

O esmagamento de soja deve se expandir em 47 milhões de toneladas, em números absolutos, entre 2021 e 2030, diz o relatório. O volume é bem menor do que o aumento de 92 milhões de toneladas verificado na década anterior. “Devido à recuperação gradual do setor de esmagamento na China, refletindo a expectativa de aumento constante do plantel de suínos, o processamento de soja no país deve crescer 20 milhões de toneladas, representando cerca de 43% do esmagamento adicional mundial.” Apesar de grande, o aumento na China deve ser consideravelmente menor do que no período 2011-2020.

OCDE e FAO projetam que o Brasil deve ser responsável por 50% das exportações globais de soja entre 2021 e 2030. As importações chinesas da oleaginosa devem crescer 1,2% ao ano nesse período (ante 7,1% ao ano entre 2011 e 2020) e alcançar 108 milhões de toneladas em 2030. Isso deve representar cerca de dois terços das importações globais.

Os preços de soja subiram rapidamente no segundo semestre de 2020, com a demanda global superando a oferta. No entanto, segundo o relatório, deve haver um ajuste para baixo nos primeiros anos da próxima década, com uma melhor perspectiva de produção e a eliminação gradual de restrições logísticas relacionadas à covid-19 no comércio. “Consequentemente, os preços devem aumentar levemente em termos nominais, mas cair em termos reais.”

O relatório cita ainda questões que podem afetar a demanda, como preocupações ambientais relacionadas ao Brasil, políticas para biocombustíveis nos EUA, na União Europeia e na Indonésia e a recuperação do plantel de suínos na China.

Milho – A produção global de milho deve crescer 160 milhões de toneladas entre 2021 e 2030, para 1,3 bilhão de toneladas, de acordo com relatório de perspectiva agrícola da OCDE e da FAO. O aumento esperado deve ser liderado por China (35 milhões de t), Estados Unidos (32 milhões de t), Brasil (18 milhões de t), Ucrânia (10 milhões de t) e Argentina (7 milhões de t).

Segundo o documento, a produção no Brasil deve ser impulsionada pelo milho de segunda safra. Nos EUA, apesar do esperado aumento de produção, o ritmo deve se desacelerar para 0,6% ao ano na próxima década, em comparação a 2% entre 2011 e 2020, devido ao menor crescimento da demanda doméstica, principalmente para a fabricação de etanol, diz o relatório. A área plantada nos EUA deve diminuir por causa da concorrência com a soja, mas isso será compensado pelos rendimentos mais altos, de acordo com OCDE e FAO.

Na África subsaariana, a produção total de milho deve crescer 22,5 milhões de toneladas entre 2021 e 2030, refletindo uma melhora da produtividade. Já a maior produção na China na próxima década deve resultar principalmente de aumento da produtividade e do cultivo de milho, diz o documento.

OCDE e FAO esperam que o consumo global de milho aumente 1,1% ao ano entre 2021 e 2030, ritmo mais lento do que os 3,2% ao ano verificados na década anterior. A demanda por milho para ração animal deve representar 60% do uso total em 2030, ante 58% entre 2011 e 2020. A demanda para ração deve crescer 116 milhões de toneladas na próxima década, para 787 milhões de toneladas. Os maiores aumentos devem ser registrados nos EUA (26 milhões de t), China (24 milhões de t), Argentina (6 milhões de t), Vietnã (5 milhões de t), Índia (5 milhões de t) e Indonésia (4 milhões de t).

As exportações globais devem aumentar 29 milhões de toneladas na próxima década e atingir 207 milhões de toneladas em 2030, diz o relatório. No período, EUA, Brasil, Ucrânia, Argentina e Rússia devem ser responsáveis por quase 90% das exportações mundiais. A participação dos EUA no mercado de exportação de milho deve cair 1 ponto porcentual para 29%, enquanto a do Brasil deve ficar estável em 20%.

Os cinco maiores importadores mundiais – União Europeia, Japão, México, Vietnã e Coreia do Sul – devem ser responsáveis por 41% das importações entre 2021 e 2030. No entanto, o Egito deve superar a Coreia do Sul e se tornar o quinto maior importador em 2030, diz o documento.

Segundo as instituições, estoques em queda e forte demanda global por ração devem sustentar os preços do grão no médio prazo. Em 2030, a expectativa é de preço de quase US$ 200/tonelada em termos nominais.

Trigo – A produção mundial de trigo deve aumentar 87 milhões de toneladas entre 2021 e 2030, alcançando 840 milhões de toneladas em 2030, de acordo com relatório de perspectiva agrícola da OCDE e da FAO. Países desenvolvidos devem contribuir com 47 milhões de toneladas desse aumento, e os em desenvolvimento, com 40 milhões de toneladas.

Segundo o relatório, o crescimento total esperado no período deve ser liderado por Índia (18 milhões de t), Rússia (14,5 milhões de t), Ucrânia (9,8 milhões de t), Austrália (5,9 milhões de t) e Paquistão (5,1 milhões e t). Na Índia, o aumento será impulsionado por uma expansão da área cultivada, em resposta a políticas nacionais para melhorar a autossuficiência em trigo, diz o documento. Apesar de não estar entre os países com maior aumento de produção, a China deve continuar sendo o maior produtor mundial de trigo em 2030, de acordo com OCDE e FAO.

O consumo global deve aumentar 12% até 2030, liderado por Índia (+18 milhões de t), China (+15 milhões de t), Paquistão (+6 milhões de t) e Egito (+4 milhões de t). O uso global de trigo em alimentação deve crescer 58 milhões de toneladas entre 2021 e 2030, mas, como parcela do consumo total, deve ficar estável em 70%, segundo o relatório. Já o uso em ração animal deve aumentar 22 milhões de toneladas.

As exportações mundiais devem aumentar 36 milhões de toneladas entre 2021 e 2030, para 220 milhões de toneladas em 2030. A Rússia deve manter sua posição como maior exportador mundial, sendo responsável por 22% das exportações globais em 2030. O Norte da África e o Oriente Médio devem continuar representando 28% das importações globais, diz o relatório.

(AE)