O governo federal economizou 692 milhões de reais com custeio da máquina pública em cinco itens diretamente afetados pela instituição de trabalho remoto durante a pandemia, e avalia que parte das mudanças veio para ficar num reforço ao almejado aumento da eficiência.
O valor poupado representa um impulso à meta de economizar neste ano 1,5 bilhão de reais com um total de 22 gastos administrativos. Essa meta equivale a cerca de 4% do gasto médio realizado, por ano, de 2016 a 2019.
Os quase 700 milhões de reais deixaram de ser gastos no período de abril a julho com as rubricas de “diárias, passagens e despesas com locomoção”, “energia elétrica”, “cópias e reproduções de documentos”, “serviços de comunicação em geral” e “serviços de água e esgoto”.
À Reuters, o secretário de Gestão do Ministério da Economia, Cristiano Heckert, reconheceu que a crise com o coronavírus e a consequente adoção do teletrabalho contribuíram para o expressivo montante poupado, mas pontuou que as mudanças promovidas pelo surto de Covid-19 podem se tornar perenes.
Só os gastos com locomoção caíram 68% nesses quatro meses sobre igual período do ano passado, numa economia de 375 milhões de reais –mais da metade do total poupado com os cinco itens.
“Essa foi uma surpresa positiva da pandemia: perceber que as ferramentas de reunião remota, de videoconferência, evoluíram muito e hoje estão disponíveis de forma muito acessível em termos de preço e facilidade de instalar em qualquer tipo de computador ou mesmo celular”, disse Heckert.
“Não está havendo prejuízo na realização dessas reuniões. Então é natural que as próprias pessoas prefiram, mesmo numa volta à normalidade, fazer uma parte dessas reuniões remotamente, diminuindo as viagens.”
No ano até julho, o poder Executivo conseguiu economizar 1,2 bilhão de reais em despesas administrativas nos 22 gastos monitorados, no caminho para cumprir com folga a meta de poupar 1,5 bilhão de reais em 2020.
Heckert destacou que o objetivo segue sendo de perseguir o aumento de eficiência na administração pública, com apoio forte da tecnologia nesse sentido, já que a diminuição dos gastos discricionários abre espaço, sob a regra do teto, para que outros sejam realizados.
“A gente tem percebido que ano a ano a margem discricionária do Orçamento está cada vez menor. Na proposta agora para 2021, estamos falando de 92 bilhões de reais. Se a gente economiza 1,5 bilhão em custeio administrativo, é 1,5 bilhão a mais que pode ir para o investimento, por exemplo, que nessa proposta é só de 28 bilhões de reais”, disse. (Reuters)