O Ministério da Economia elevou para 349,4 bilhões de reais o cálculo das despesas primárias do governo federal neste ano com as ações de enfrentamento ao Covid-19 e estimou que o setor público fechará 2020 com déficit fiscal recorde que pode levar a dívida pública a até 93,1% do PIB.

Ao comentar os dados, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, frisou nesta sexta-feira que as despesas ainda podem subir mais, com a inclusão de novos beneficiários no programa de ajuda emergencial, entre outros fatores.

O último cálculo divulgado pelo ministério para o impacto primário das ações para o Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, era de 285 bilhões de reais.

O novo dado incluiu despesas de 15,9 bilhões de reais com um novo programa de apoio a micro e pequenas empresas aprovado no Congresso, uma estimativa de aumento de 20 bilhões de reais, para 60 bilhões de reais, do auxílio pago a Estados e municípios frente à projeção anterior, e um aumento de cerca de 28 bilhões de reais no pagamento do auxílio emergencial pago à população vulnerável.

Waldery afirmou nesta sexta que o auxílio emergencial poderá ter nova ampliação, com a incorporação de pessoas que hoje não são consideradas elegíveis.

“É possível sim que haja novos beneficiários, segmentos elegíveis, porque estamos tratando de milhões de brasileiros que não têm, em alguns casos, até mesmo a questão cadastral plenamente definida. Isso não é agora, veio de anos atrás, existe uma camada da população que é invisível para os agentes tomadores de decisão no setor público”, afirmou em entrevista coletiva virtual.

Waldery apresentou cinco cenários para as contas fiscais, de acordo com diferentes projeções para a retração do PIB. A estimativa para o déficit primário vai de 7,8% (com queda de 1,34% do PIB) a 8,7% (queda de 5,34% do PIB).

No cenário que leva em conta a estimativa mais recente do mercado para o PIB, de queda de 3,34%, o déficit primário é calculado em 601,2 bilhões de reais (8,27% do PIB).

Em entrevista coletiva virtual, Waldery frisou, contudo, que a projeção dos economistas para a atividade deve ser revista ao longo dos próximos dias, em meio a cenário de grandes incertezas, e que as projeções oficiais do ministério que balizam a programação orçamentária serão divulgadas em cerca de duas semanas.

Já o déficit nominal, que inclui também despesas com juros, varia de 12,7% do PIB a 13,8% do PIB, dependendo do cenário para o produto, levando a dívida pública ao intervalo de 88,6% do PIB a 93,1% do PIB. Em todos os casos, os déficits previstos seriam recordes. (Reuters)