Com a escalada da disseminação do coronavírus no Brasil, a indústria frigorífica espera uma queda de 20% na demanda interna por carne bovina após uma retração de 4,4% nas exportações do produto in natura na primeira quinzena de março.
“Há uma incerteza muito grande. Então, os frigoríficos têm que se precaver”, observa Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), que representa os frigoríficos de carne bovina.”
A associação tem orientado seus associados a diminuírem as escalas de abate com o intuito de adequar a oferta às restrição da demanda causada pela menor atividade econômica do país.
“O que nós estamos discutindo internamente é que há uma superprodução hoje no mercado em função de tudo que está acontecendo. E os frigoríficos não podem continuar trabalhando com escala cheia. Se isso acontecer, aí sim vai haver um problema para todos”, ressalta o presidente da Abrafrigo.
Sem parar
De acordo com Salazar, os frigoríficos brasileiros de médio e pequeno porte têm buscado trabalhar com escalas de até uma semana. “Não dá para formar escala para 20 a 30 dias porque não se sabe o que vai acontecer com o preço da carne nesse período”, explica.
A medida é também uma forma de contornar os impactos de uma suspensão total das atividades, como foi adotado em algumas unidades da Minerva.
Salazar ressalta que as grandes indústrias do setor têm outras operações em funcionamento, inclusive fora do país. Segundo ele, o custo fixo médio de uma unidade frigorífica gira em torno de 17% do seu custo total, que varia conforme o tamanho da operação.
Oferta garantida
“A gente está procurando evitar que haja esta superprodução. Isso é uma coisa que todos devemos estar preocupados. Queremos manter o setor estável e, para isso, é preciso organizar o sistema produtivo em conformidade com a demanda”, explica o presidente da Abrafrigo.
Salazar ainda ressalta que não há risco de desabastecimento no país. “Os frigoríficos estão trabalhando, não precisa haver correria para os mercados. Nós não vamos chegar nesse ponto, é preciso calma e prudência nessa hora”, garante. (Globo Rural)