Ao longo de sua batalha de dois anos contra a inflação, o Federal Reserve tem buscado pressionar os consumidores com força suficiente por meio de juros mais altos para que eles parem de gastar, alinhem a demanda com a oferta e levem o crescimento econômico dos Estados Unidos abaixo de seu potencial a fim de aliviar as pressões sobre os preços.
Isso ainda não aconteceu.
Com a expectativa dos mercados financeiros de que o Fed manterá os juros inalterados ao final de uma reunião de dois dias nesta quarta-feira, as autoridades agora precisam avaliar se o desempenho mais forte do que o esperado da economia é um último suspiro do esbanjamento do consumidor que começou durante a pandemia da Covid-19 ou uma evidência de que a política monetária ainda não é rigorosa o suficiente para que a inflação retorne totalmente à meta de 2% do Fed.
Desde a última reunião de política monetária em setembro, quando as autoridades também mantiveram os juros no mesmo patamar, os dados recebidos mostraram um crescimento do emprego mais forte do que o esperado, um crescimento econômico acima do previsto e apenas uma melhora lenta no ritmo da inflação que, em 3,4% em setembro, com base no indicador preferido do Fed, continua bem acima da meta.
Há motivos para que o banco central seja, como disseram autoridades, “cuidadoso” na aprovação de novos aumentos. O mais notável são os juros reais que foram impulsionadas para cima pelos investidores, independentemente de qualquer ação do Fed: os rendimentos dos Treasuries dispararam e a taxa média de uma hipoteca com taxa fixa de 30 anos subiu para perto de 8%, um nível não visto em quase um quarto de século. Em última análise, as autoridades do Fed acreditam que esses desdobramentos desacelerarão os gastos das empresas e das famílias.
No entanto, as últimas semanas não deixaram muito claro quando isso poderá acontecer, com as tão esperadas quedas nas contratações, na inflação do setor imobiliário, nos gastos com serviços e em outros dados importantes adiados por uma economia que não cede à pressão.
Até mesmo o aumento dos rendimentos dos Treasuries, citado por algumas autoridades do Fed como um substituto para as altas de juros do próprio banco central, pode ser simplesmente um reconhecimento da força da economia e um sinal implícito de que o Fed pode ter que fazer mais para concluir a luta contra a inflação.
“Acreditamos que os juros reais estão mais altos devido ao crescimento muito forte dos EUA”, escreveram os analistas do Citi antes da reunião do Fed desta semana. “Se estivermos certos, o Fed corre o risco de ficar para trás em relação ao crescimento real e à curva de inflação”, mesmo que a economia desacelere em relação ao tórrido ritmo anual de 4,9% observado no terceiro trimestre.
O Fed divulgará sua decisão às 15h, horário de Brasília. O chair do Fed, Jerome Powell, dará uma coletiva de imprensa meia hora depois.
Os investidores consideram quase certo que o banco central manterá sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, definida em sua reunião de julho, com as chances também ponderadas contra quaisquer outros aumentos no futuro.
Sem projeções econômicas ou de juros atualizadas a serem divulgadas nessa reunião, o foco será se a nova decisão ou os comentários de Powell parecem se inclinar para mais ou menos aumentos.
(Notícias Agrícolas)