Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

A recuperação econômica caminha em compasso mais lento do que era esperado pelo mercado. As estimativas do boletim FOCUS para o crescimento do PIB registraram quedas nas últimas 4 semanas, com a última projeção em 2,75%.

Associado ainda ao atual momento do ciclo pecuário, com ampliação do rebanho bovino e o maior descarte de fêmeas, os preços registram movimento de queda primária desde o início de 2018.

Por outro lado, a retenção dos animais enquanto as condições dos pastos permitem, e os volumes exportados limitaram a curva negativa neste primeiro trimestre de 2018.

Neste sentido, as exportações totais nos primeiros três meses do ano avançaram 17,30%, subindo o faturamento em 21,92% no mesmo período.

Para os cálculos se considerou o volume embarcado em equivalente carcaça (padronização da carne produzida pelo bovino, em que um fator de correção estima as perdas pela desossa e pelo cozimento da carne industrializada).

Lembremos ainda que nos primeiros três meses de 2017 a operação Carne Fraca da Polícia Federal ainda não tinha causado impacto aos embarques brasileiros, deste modo, a variação positiva dos embarques neste primeiro trimestre do ano revela o crescente protagonismo brasileiro no mercado mundial.

Considerando apenas a variação percentual, as exportações de miúdos foram ainda mais expressivas, subindo 21,5% em volume e 37,5% em faturamento.

Hong Kong foi isoladamente o principal destino desse segmento, segundo os dados da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), as importações deste país em janeiro e fevereiro somaram 28,50 mil toneladas, alta de 14% ante o mesmo período de 2017.

Mas a ampliação das exportações de carne bovina in natura tem influência mais expressiva para o fortalecimento do Brasil no mercado internacional, dada sua maior proporção nos embarques (gráfico 2).

Nos primeiros 3 meses deste ano, a carne bovina in natura respondeu por quase 70% dos embarques e 80% do faturamento. Neste período foram embarcadas 412 mil toneladas (alta de 20,35% ante o 1º tri de 2017), trazendo ao país US$ 1,30 bilhão, o segundo melhor trimestre em receitas (atrás do mesmo período em 2014 com US$ 1,34 bilhão).

Na esteira, a carne industrializada respondeu por 21,5% do volume exportado e por mais de 10% do total faturado, foram enviadas de janeiro a março 130 mil toneladas (alta de 8,35% ante mesmo período em 2017), com faturamento de US$ 180 milhões.

Considerando as exportações de carne bovina in natura nos dois primeiros meses de 2018, Hong Kong, China e Egito se destacam ocupando as primeiras posições do ranking.

Além disso, o mercado árabe se destaca cada vez mais na importação da matéria-prima brasileira, com 5 países aparecendo na lista dos 10 maiores importadores, subindo 60% em volume e 38% em faturamento no início de 2018.

Considerando a variação percentual, o Egito, Hong Kong e Chile foram os países que mais ampliaram suas compras. Colabora para este cenário, a variação positiva das suas moedas com relação ao real.

A Libra Egípcia subiu 10% em relação ao real desde o início de 2018. No mesmo período o dólar de Hong Kong valorizou-se 8,53% e o peso Chileno aumentou 10,33%.

Já entre os maiores importadores da matéria-prima brasileira, a Arábia Saudita exibiu retração mais forte, diminuindo em 47% o volume de carne importada, apesar de valorização da sua moeda de 10,60% frente ao real.