Por Gustavo Machado – Eng. Agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

A tendência altista da arroba perdeu fôlego na última semana.

Os valores praticados continuam sustentados, mantendo patamares em torno de R$ 150,00/@ à vista e livre de Funrural nas praças paulistas. Entretanto, deve ser mais difícil a renovação de suas máximas.

Essa percepção se dá com o alongamento generalizado das programações de abates, que já se estendem para o início de 2019. E ainda, há indústrias em SP e no MS onde as escalas estão completas para além da primeira semana de janeiro.

Por outro lado, a liquidez do mercado físico pode recuar com o período de festas, enquanto a demanda continuará aquecida, limitando possíveis ajustes pelas escalas maiores. Já a partir de meados de janeiro, este cenário pode sofrer alterações, aliviando as cotações.

De todo modo, a conjuntura continua positiva para preços firmes. A B3 (antiga BM&F) valorizou-se na última semana. Assim como o valor da carne bovina no atacado e o ritmo de exportações que continuam aquecidas.

 

  1. Na tela da B3

Na última semana, os principais contratos futuros do boi gordo foram reajustados para cima.

Os vencimentos para dez/18 e maio/19 subiram 0,33%, enquanto que o contrato para jan/19 (quando o consumo pode esfriar), subiu de modo mais tímido – alta de 0,13% nos últimos 7 dias.

O fato é que a expectativa de fortalecimento do consumo doméstico em 2019 combinado com as exportações em bom ritmo, pressionam positivamente aos contratos futuros, que sustentam os patamares mais altos.

E os contratos balizados acima de R$ 152,00/@ nos três primeiros meses de 2019, mantém oportunidades de proteção via bolsa. Além de operações envolvendo contratos futuros, existe a possibilidade de fixar preço mínimo de venda em torno de R$ 150,00/@, pagando-se prêmio ao redor de R$ 1,00/@.

Vale destacar que os prêmios variam de acordo com o contrato negociado, volatilidade e patamares praticados – podendo alterar o custo da operação em curto intervalo de tempo.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

No final outubro, a combinação entre o consumo menor e maior oferta do 2º giro de confinamento fez escorregar o valor do boi casado no atacado. Mas há mais de um mês, ou seja, desde a metade de novembro que a carcaça casada bovina vem se sustentando em patamares acima de R$ 10,00/kg.

E ainda, o atual momento de proximidade com o período de festas e recebimento do 13º salário já refletem em consumo fortalecido. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA) os valores de cortes nobres subiram 3,73% em novembro ante o mês anterior.

A relação de preços fortes no atacado mantém favorecida o spread (diferença de preços entre a carcaça e a arroba), devendo terminar pelo 2º ano consecutiva em campo positivo – algo inédito. Mais informações sobre a proteína bovina no atacado pode ser encontrada neste Link.

 

  1. No mercado externo

As exportações nos 10 primeiros dias de dezembro mantiveram o bom desempenho registrado no segundo semestre deste ano.

Houve um leve recuo de 3,2% em relação ao ritmo diário registrado no mês anterior, nada preocupante, já que dezembro sazonalmente exibe embarques menores. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, os embarques subiram16,5%.

E assim, dezembro/18 tem envio diário de 6,3 mil toneladas, acumulando exportação de 63,20 mil toneladas para o exterior.

Se a frequência for mantida, a expectativa é que o país encerre o mês com embarque de 116,76 mil toneladas de carne bovina in natura. Com 2018 ampliando em 10,90% as exportações em relação ao ano anterior.

 

  1. O destaque da semana:

O destaque da semana fica para a divulgação no último dia 12/dez dos dados de abates pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No 3º/TRI (entre julho e setembro), foram abatidas 8,28 milhões de cabeças, subindo 7,10% ante o 2º trimestre deste ano.

Quando olhamos para o acumulado dos nove primeiros meses de 2018, os abates somam 23,75 milhões de cabeças. A proporção também confirma o momento do ciclo pecuário – de liquidação do rebanho – tratando-se do maior volume desde 2014. E na comparação com o mesmo período do ano passado, os abates subiram 4,30%.

Por fim, destaca-se o gradual aumento de participação de fêmeas nos abates nos últimos 3 anos, ficando em 43% na média parcial deste ano. E ainda, houve expressivo avanço da participação de novilhas – a proporção em 10,6% é a maior desde que os dados são levantados.

Para saber o que mais revelam os dados de abates, confira este Link.

 

  1. E o que está no radar…

As programações de abates avançando na última semana esfriam a recente trajetória de alta, e as referências para a arroba podem passar por revisões. Por outro lado, as exportações de milho pressionam para cima sua cotação (tanto em bolsa quanto no mercado de balcão).

E embora a perspectiva seja de relação de troca maior ao longo do próximo ano, o cenário descrito acima ainda mantém o poder de compra do pecuarista ajustada no início de 2019.

Portanto, os preços do cereal devem continuar voláteis e sustentados no início do próximo ano, reforçando a necessidade de buscar por melhores oportunidades de negociação.

 

Um abraço e até a próxima semana!