Resumo da semana:
O fluxo de negociações continuou baixo ao longo da última semana, além de pecuaristas retendo a matéria-prima em vista de novas altas para o animal terminado, as indústrias adotam estratégias de estoques reduzidos.
A combinação deste cenário mantém as cotações sustentadas no spot, enquanto as programações de abate continuam encurtadas.
O destaque da última semana fica para retorno mais expressivo da China as importações, a necessidade de repor seus estoques de proteínas animais colocam prêmios importantes pelo animal do tipo exportação.
A volta deste importante comprador do produtor brasileiro, alimenta expectativas de reaquecimento das negociações no físico, e as indicações de preços agora fortalecidas pelos prêmios oferecidos, pode reajustar para cima todo o mercado pecuário.
- Na tela da B3
Os contratos futuros continuaram o movimento de recuperação após altas oscilações em semanas anteriores. A notícia de que a China está retornando as comprar deu fôlego para as cotações.
O contrato de março permaneceu firme, orbitando a faixa dos R$ 200,00/@ na última semana, e encerrou a sexta-feira em R$200,70/@ – acumulando alta semanal de 2,47%.
O maio avançou R$ 12,00 nos últimos sete dias (R$ 191,30/@), retornando aos patamares do final de janeiro quando era negociado a aproximadamente R$ 192,00/@.
O cenário continua de oferta restrita e o retorno da China pode trazer um ambiente de firmeza ao mercado pecuário no curto prazo.
- Enquanto isso, no atacado…
O mercado atacadista paulista demonstrou um bom fluxo de saída de proteína bovina, devido a população ampliando suas compras para estocagem domiciliar, o que refletiu em um mercado com estoques mais enxutos.
A carcaça casada bovina encerrou a semana sendo negociada em torno de R$ 13,50/kg – acumulando alta de 1,58% na comparação semanal.
O frango resfriado continuou firme no atacado, e encerrou a sexta-feira (27/mar) em R$ 4,39/kg – avanço de 1,03% última semana. Na comparação mensal o avanço ficou em 4,40%.
Enquanto isso, as cotações da carcaça especial perderam força e fecharam a semana em R$ 8,50/kg – decréscimo de 3,74% ante a semana anterior, porém, aumento de 4,94% ante o mesmo período em fevereiro.
Segundo as cotações levantadas pelo CEPEA, o spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo) manteve-se positivo, encerrando a quarta semana de março em 1,26%.
- No mercado externo
As exportações totais em março/20 devem ser divulgadas ao final desta semana pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No volume parcial, o país embarcou 87,30 mil toneladas de carne bovina in natura nos 15 primeiros dias úteis do mês.
Mas além dos dados de exportação, destaca-se o retorno das compras da China de carne bovina brasileira, o que pode impulsionar a arroba no curto prazo.
Em 2019 o gigante asiático importou aproximadamente 500 mil toneladas de proteína bovina do Brasil, as compras se concentram principalmente no segundo semestre, majoritariamente em novembro e dezembro. Com o avanço do coronavírus e dificuldades logísticas, as compras chinesas diminuíram no início deste ano.
Nos dois primeiros meses de 2020, o Brasil enviou 279 mil toneladas de carne bovina total (in natura, industrializada e miúdos), isso representa um avanço de 0,54% ante o mesmo período de 2019. Durante este período China e Hong Kong, importaram 140 mil toneladas de proteína bovina total, acumulando alta de 31% em comparação com o mesmo período do ano passado.
- Grãos e o seu poder de compra
Ao longo da última semana, o indicador da soja levantado pelo CEPEA avançou 2,8%, alcançando máxima em R$ 99,69/sc na última quarta-feira (25/mar).
Mas ao final da última semana, com o câmbio diminuindo seu fôlego, as indicações também resistiram em buscar equilíbrio em níveis ainda mais altos.
Por outro lado, o recuo do dólar abriu espaço para valorizações em Chicago, altas que também acontecem pela expectativa de compras chinesas de soja norte-americana, o cenário permitiu valorização de 4,70% para a soja na CBOT, encerrando em US$ 8,83/bushel (maio/20).
Para o milho no mercado doméstico, as negociações seguem em ritmo lento no spot, a baixa disponibilidade do cereal, incertezas sobre a safrinha e menor disponibilidade de frete são alguns dos fatores que inibem novas negociações.
As atenções voltam-se ainda para propostas no segundo semestre, neste sentido, reportou-se negociações em R$ 49,00/sc no porto de Santos, um valor que aponta para mercado externo retornando para o lado comprador, e se houver aquecimento dos embarques com o milho brasileiro, as cotações do segundo semestre podem passar por revisões positivas.
Fonte: Broadcast AE / B3 / Agrifatto
- O destaque:
O mercado atacadista trabalhou com estoques enxutos, já que as incertezas pelo coronavírus mantém as indústrias mais cautelosas. Neste cenário, as programações de abate também se preservaram encurtadas.
Sem adição de demanda, este ambiente de programações menores e estoques reduzidos deve ser predominante nas próximas semanas.
A boa notícia é que o consumo adicional deve vir com o retorno da China as compras, a necessidade de recomposição dos estoques chineses deve aumentar a procura pelo animal do tipo exportação, reaquecendo as negociações e impactando positivamente os valores praticados.
- E o que está no radar?
O controle do coronavírus na China e a sua gradual retomada das importações voltam ao radar, adicionando importante fator na balança de preços e contrabalanceado o combalido poder de compra da população brasileira.
A volta da China às compras deve ser o centro das atenções das análises de mercado nos próximos dias, afinal, a necessidade de matéria-prima chinesa elevam os prêmios pagos pelo boi gordo, puxando todo o equilíbrio de preços para cima.
Se confirmado, os futuros em bolsa também podem encontrar espaço para valorizações, ampliando as oportunidades de hedge.