Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
A última semana marcou mudanças na conjuntura do mercado pecuário, ou seja, a relação ajustada entre a oferta e a demanda que impulsionava a arroba para cima, já se mostrou mais confortável, levando a ajustes das indicações.
Além de correções no mercado spot, registrou-se quedas da carne bovina no atacado, e a ausência das indústrias em novas compras também colaborou para diminuir a liquidez do mercado físico, levando a acomodação das cotações.
A correção negativa já era esperada após a alta expressiva em novembro (no último mês, a arroba avançou 36%, renovando a máxima para R$ 231,00/@), mas após forte volatilidade, há expectativa que o mercado busque por um novo equilíbrio.
Neste sentido, os preços futuros já encerraram a última semana com reajustes positivos, além de fechamento do indicador do CEPEA também mostrar revisão para cima – a parcial ficou em R$ 211,60/@ (+1,24%).
- Na tela da B3
O destaque para a movimentação dos contratos futuros do boi gordo fica para sua recuperação ao final da última semana.
Vamos utilizar como exemplo o contrato para janeiro/20, este vencimento acumulou queda de 5,42% ao longo dos três primeiros pregões da última semana, passando da máxima em R$ 207,90/@ no início do mês, para mínima em R$ 195,00/@ na quarta-feira (04/dez).
Mas no último pregão da semana, o vencimento avançou 4,47%, colocando sua parcial em R$ 205,80/@ – recuperando as perdas registradas no início de dezembro.
Essa movimentação foi similar em outros vencimentos, indicando que os contratos podem buscar por recuperação no curto prazo. Além disso, a bolsa aponta equilíbrio ligeiramente acima de R$ 200,00/@ no início de 2020.
- Enquanto isso, no atacado…
Ao final da última semana de novembro, a carne bovina alcançava seus maiores valores reais, orbitando preços ao redor de R$ 16,00/kg no atacado paulista. O indicador do CEPEA chegou a registrar valores em R$ 16,46/kg no dia 28 de novembro.
Mas desde então, os valores no atacado passam por correções negativas, acumulando queda de 5,54% na primeira semana de dezembro, voltando a referência da carcaça casada bovina para R$ 15,20/kg.
Entretanto, enquanto a carne bovina mostra viés baixista, as proteínas alternativas continuam fortalecidas no atacado.
O frango resfriado subiu 0,94% na última semana, com parcial em R$ 4,85/kg, e a carcaça especial suína avançou 1,12% para média paulista em R$ 9,06/kg – renovando suas máximas e alcançando os maiores valores nominais da série histórica.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), encerrou a primeira semana de dezembro em 4,92%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 5 (cinco) primeiros dias úteis de dezembro/19 contabilizaram um volume total de 34,81 mil toneladas e uma receita de US$ 172,25 milhões.
A média diária registrada ficou em 6,96 mil toneladas, queda de 10,49% em relação à média do mês anterior, e avanço de 9,91% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.947,88, alta de 1,86% em relação a novembro/19, e valorização de 29,86% quando comparado com o valor médio de dezembro/18.
Considerando o desempenho das exportações neste início de dezembro, as projeções preliminares apontam para volume embarcado ao redor de 140 e 145 mil toneladas até o final do mês. Se confirmado, o volume representará recuo aproximado de 8,41% frente a quantidade enviada em novembro/19, porém, avanço de 12,47% na comparação com o mesmo mês em 2018.
Por fim, as exportações com milho nos primeiros 5 dias úteis deste mês continuam bastante aquecidas, somando 1,62 milhão de toneladas, alta de 50,84% em comparação à média diária do mês anterior, e crescimento de 77,84% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque:
A dificuldade de escoamento da carne no atacado, após as revisões para cima dos preços das proteínas animais, diminuiu o fluxo das negociações e o apetite de compra das indústrias.
E assim, o fluxo de negociações no mercado boi do gordo caiu na última semana, além das indicações menores afastando vendedores, muitos frigoríficos ausentaram-se de novas compras, um cenário que colaborou para alívio dos preços no mercado físico.
- E o que está no radar?
Os contratos futuros mostraram recuperação no fechamento da última semana, acompanhado também de um indicador do CEPEA revisado positivamente.
Entretanto, a liquidez continua baixa no mercado físico, e as negociações mais lentas podem impedir uma recuperação mais consistente para a arroba.
Além disso, a carne no atacado passa por ajustes negativos, outro fator que pode esfriar o valor do bovino terminado.
Portanto, segue a expectativa de mercado buscando por novo equilíbrio, mas a estabilidade pode se registrar em patamares ligeiramente menores ante o registrado nas últimas semanas.
Um abraço e até a próxima!