Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

O mercado pecuário continuou com fôlego para novas altas na última semana. A falta de animais prontos é o principal condutor dos preços, elevando o indicador do CEPEA para R$ 199,25/@ na última quinta-feira (14).

As escalas de abate refletem a dificuldade de originação da indústria, ficando mais encurtadas em todas as importantes regiões produtoras. O movimento colocou as programações médias de todos os estados abaixo das suas parciais neste ano.

O cenário de preços cada vez mais altos para a arroba no mercado spot, também causou novas revisões das cotações futuras, marcando novas altas na última semana.

Valorizações também no mercado atacadista, com todas as proteínas buscando patamares mais altos.

Por fim, o destaque ficou para as novas habilitações para a China e Arábia Saudita, foram 21 novas plantas habilitadas na última semana.

 

  1. Na tela da B3

Passados mais de 10 pregões consecutivos de alta, os contratos futuros finalmente mostraram correção técnica.

A movimentação aconteceu na última quinta-feira (14/nov), véspera do feriado do dia da Proclamação da República. Os ajustes são esperados, especialmente depois da expressiva escalada dos preços.

Além disso, não são raros ajustes nos pregões que antecedem os finais de semana ou feriados, com players embolsando os ganhos obtidos.

A movimentação técnica envolveu amplo volume de contratos negociados, o vencimento para novembro/19, por exemplo, negociou 3,28 mil contratos (a maior proporção desde que este vencimento passou a ser negociado).

Vale destacar que a movimentação não indica alteração da tendência no curto prazo, especialmente com o mercado físico bastante fortalecido.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

A carne bovina alcançou seus maiores valores reais nesta semana, mas como o consumo interno pode reagir em meio as frequentes revisões positivas no valor das proteínas animais? Confira nossa nova análise sobre o tema neste link.

A carcaça casada bovina subiu 7,01% na última semana, fechando com média no atacado paulista em R$ 13,12/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 18,73%.

Nos últimos sete dias a carcaça especial suína manteve-se praticamente estável, subindo apenas 0,81%, e fechando a semana em R$ 8,06/kg. No último mês avançou 5,23%. 

Já o frango resfriado continuou com novas altas, com média em R$ 4,54/kg, alta de 1,45% na semana. Nos últimos 30 dias o avanço é de 10,07%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), encerrou a segunda semana de novembro em 3,11%.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos 10 (dez) primeiros dias úteis de novembro/19 contabilizaram um volume total de 63,87 mil toneladas e uma receita de US$ 310,69 milhões.

A média diária registrada ficou em 6,39 mil toneladas, queda de 8,25% em relação à média do mês anterior, e baixa de 2,10% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.864,70, alta de 8,76% em relação a outubro/19, e valorização de 21,81% quando comparado com o valor médio de novembro/18.

Considerando o desempenho das exportações na primeira dezena de novembro, as projeções preliminares apontam para volume embarcado ao redor de 115,00 mil toneladas até o final do mês. Se confirmado, o volume representará recuo de 28,17% frente a quantidade recorde enviada em outubro/19, e baixa de 11,85% na comparação com o mesmo mês em 2018.

Por fim, as exportações com milho nos primeiros 10 dias úteis deste mês totalizaram 2,15 milhões de toneladas, recuo de 20,77% em comparação à média diária do mês anterior, mas alta de 15,96% frente ao mesmo período em 2018.

 

  1. O destaque:

A última semana foi agitada para o mercado pecuário brasileiro.

Na última terça-feira (12), a Ministra da Agricultura, Tereza Cristiana, anunciou em seu Twitter que 13 novas plantas brasileiras foram autorizadas a exportar carne para China.

Dentre as unidades habilitadas, 5 são de bovinos, 5 de suínos e 3 de aves. Com as novas habilitações, 37 indústrias brasileiras podem enviar proteína bovina ao gigante asiático.

Além disso, a Arábia Saudita também habilitou oito novos frigoríficos brasileiros para exportação de carne bovina e seus produtos na segunda-feira (11). Segundo o Ministério, em 2018, os sauditas importaram 1,7 bilhão de dólares em produtos agropecuários do Brasil.

 

  1. E o que está no radar?

A escassez de animais prontos continua em destaque no mercado, especialmente com o feriado da última semana reduzindo o tempo útil de originação das indústrias.

É neste cenário que o indicador do CEPEA tem passado por constantes revisões de preços, com fechamento surpreendente em R$ 199,25/@ na última semana.

Portanto, atenção aos contratos futuros em bolsa, que devem continuar respondendo positivamente ao cenário de preços firmes no mercado físico.

 

Um abraço e até a próxima!