Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
A aprovação de 8 plantas frigoríficas aptas a exportar carne bovina para a Arábia Saudita deu o tom ao mercado e as indústrias não contaram com outra alternativa senão subir as indicações pelo animal terminado.
As altas foram generalizadas, com indicações gradualmente maiores nas principais praças brasileiras ao longo da última semana. As programações de abate continuaram apertadas, pavimentando um caminho com possibilidade de novas altas pela frente.
Com preços firmes no mercado spot, os contratos futuros também ganharam tração, com o rally altista renovando as máximas históricas.
É neste ambiente de preços firmes que o contrato para outubro/20 ultrapassou o esperado patamar de R$ 200,00/@. Além disso, destacamos as oportunidades que as valorizações em bolsa oferecem para a gestão de risco de preços, especialmente com opções.
Por fim, após equilíbrio ao redor de R$ 4,00/US$ desde o final de outubro, o câmbio também foi destaque na última semana. O cenário político turbulento agitou a moeda norte-americana, recuperando os mais altos patamares em mais de 3 semanas, sendo cotado por volta de R$ 4,16.
- Na tela da B3
Em média, o contrato futuro de boi gordo com vencimento em janeiro/20 subiu 5,77% na última semana, de R$ 184,50 para R$ 195,15/@ na sexta-feira (08). Nesta segunda, já marca parcial em R$ 197,50/@.
O contrato para maio/20 também surpreendeu, o avanço de 5,15% no mesmo período colocou este contrato em R$ 194,00/@ – alta semanal de R$ 9,50/@. Nesta tarde (11/11) marca parcial de R$ 195,50/@.
E ainda, o outubro/20 finalmente alcançou o patamar em R$ 200,00/@ na última quarta-feira (06/nov). Atualmente marca parcial em R$ 201,40/@, mas já testou os R$ 202,00/@.
Com os futuros valorizados, destacamos o mercado de opções como uma maneira segura de garantir valores mínimos de venda nos próximos meses, já que o viés altista oferece oportunidades via opções de venda com prêmios relativamente menores.
- Enquanto isso, no atacado…
Na última semana, a carcaça casada bovina passou por novos reajustes.
O boi casado avançou 7,09%, fechando com média no atacado paulista em R$ 12,31/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 12,77%. O traseiro bovino se destacou em R$ 14,50/kg.
A carca especial suína subiu sensivelmente 1,98% e fechou a semana cotada em R$ 8,00/kg. Na comparação mensal a alta acumulada é de 8,41%.
O frango resfriado que mostrava resistência em novas altas, fechou a última semana em R$ 4,47/kg, subindo 11,33% na semana. No último mês o avanço é de 12,74%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), encerrou a primeira semana de novembro em 3,61%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 6 (seis) primeiros dias úteis de novembro/19 contabilizaram um volume total de 36,96 mil toneladas e uma receita de US$ 178,23 milhões.
A média diária registrada ficou em 6,16 mil toneladas, queda de 11,50% em relação à média do mês anterior, e baixa de 5,56% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.821,80, alta de 7,80% em relação a outubro/19, e valorização de 20,73% quando comparado com o valor médio de novembro/18.
Considerando o desempenho das exportações neste início de novembro, as projeções preliminares apontam para volume embarcado ao redor de 115,00 mil toneladas até o final do mês. Se confirmado, o volume representará recuo de 28,17% frente a quantidade recorde enviada em outubro/19, e baixa de 11,85% na comparação com o mesmo mês em 2018.
Por fim, as exportações com milho nos primeiros 6 dias úteis deste mês totalizaram um volume total de 1,25 milhões de toneladas, recuo de 21,42% em comparação à média diária do mês anterior, mas alta de 15,01% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque:
Na última semana, os ativos pecuários em bolsa passaram por reajustes positivos e alcançaram patamares recordes.
O vencimento para nov/19 subiu 17,90% desde o início de setembro, ou seja, avançou R$ 29,00/@ em um pouco mais de um mês de negociação em bolsa, passando de R$ 162,00 para R$ 191,00/@ nesta tarde (11/nov).
Outro destaque fica para o vencimento de outubro/20, alcançando R$ 201,40/@ na segunda-feira (11).
Outro ponto importante fica poe conta das fortes valorizações cambias na última semana, pressionado pelo desempenho aquém do esperado do megaleilão do pré-sal e ação do STF derrubando a prisão em 2º instância.
O cenário político trouxe valorização de 3,80% para a moeda norte-americana, que pulou de R$ 4,01 para R$ 4,16 ao longo da última semana – maior valor desde 17 de outubro/19.
- E o que está no radar?
As escalas de abate trabalham mais encurtadas em boa parte das praças analisadas pela Agrifatto, demonstrando a baixa disponibilidade de animais prontos para abate.
São Paulo fechou a semana com programações em 4,0 dias úteis, abaixo da média parcial deste ano (em 6,6 dias úteis).
Em proporção similar, o MT também encerrou a semana em 4,0 dias úteis, enquanto a média de 2019 está em torno de 6,0 dias úteis.
Apesar da queda das últimas semanas, Goiás mostra as escalas mais alongadas dentre as praças analisadas, fechando a semana em 6,0 dias úteis e em linha com a média parcial registrada em 2019.
A oferta restrita continua ditando o movimento altista e combinado ao avanço das exportações e abertura de novas plantas, o cenário pode permitir novos avanços no curto prazo.
É importante destacar que a China não está medindo esforços para abastecer seu mercado interno em preparação para o Ano Novo Chinês, que ocorre em 25 de janeiro de 2020. Após esse período, há possibilidade que os níveis de embarque se acomodem.
Um abraço e até a próxima!