Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
O rali de alta no mercado pecuário continuou por mais uma semana consecutiva, o movimento altista já se registra desde o início de setembro, com o indicador do CEPEA acumulando valorização de 6,9% neste período.
O mercado spot fortalecido também se reflete sobre os contratos futuros, marcando mais uma semana de novos avanços, com a projeção da B3 imprimindo um ágio de 7,75% até o final do ano (alta equivalente a R$ 10,00/@ considerando o atual equilíbrio de preços no balcão).
E enquanto as cotações buscam por novos patamares, a conjuntura que justifique o viés de alta permanece praticamente inalterado.
Ou seja, a oferta enxuta de animais prontos (com possibilidade de se reduzir a sua disponibilidade no curto/médio prazo, dependendo do clima neste período das águas), combinado ainda com a ampla participação do mercado externo, colaboram para manter o mercado regulado com preços em viés de alta.
O mercado externo aquecido também diminui a disponibilidade de carne para o ambiente doméstico, gerando novos reajustes positivos aos cortes no atacado, apesar do período de menor consumo sazonal da proteína bovina.
E ainda, o destaque da última semana ficou para a visita de comissão brasileira à China, alimentando expectativas de novas habilitações de frigoríficos a exportar ao gigante asiático.
- Na tela da B3
Na última semana, os futuros do boi gordo foram contagiados pelo avanço do indicador do CEPEA, com a referência da Esalq subindo 1,43% na última terça-feira (22) frente ao dia anterior, fechando em R$ 166,25/@.
E assim, os contratos futuros já abriram o pregão em campo positivo, com as projeções em bolsa renovando as suas máximas na esteira de um mercado físico fortalecido.
O contrato para dezembro/19, por exemplo, avançou 1,33% ao longo dos últimos 7 dias (equivalente a uma alta de R$ 2,30/@), encerrando a semana em R$ 175,85/@ – imprimindo ágio de 7,75% em relação ao balcão atual.
O contrato para maio/20 também mostrou novos reajustes, acumulou alta de R$ 1,28% na última semana, e encerrou o período em R$ 177,85/@.
Portanto, os contratos futuros continuam colocando boas oportunidades para gerenciamento de riscos de preços, e por meio do mercado de opções (compra de PUT), por exemplo, é possível garantir um valor mínimo para janeiro/20 em R$ 172,00/@, a partir de prêmio ligeiramente acima de R$ 1,00/@.
- Enquanto isso, no atacado…
Na última semana, a carcaça casada bovina e a carcaça especial suína mostraram novas altas, embora em intensidade menor ante o registrado em semanas anteriores.
A carcaça casada bovina avançou 1,56%, fechando com média no atacado paulista em R$ 11,37/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 6,61%.
Nos últimos sete dias a carcaça especial suína avançou 0,64%, fechando a semana cotada em R$ 7,83/kg. No último mês avançou 6,39%.
O frango resfriado, que havia avançado alguns passos, nesta última semana desacelerou, fechou cotado a R$ 3,96/kg, baixa de 4,81% na semana. Nos últimos 30 dias o avanço é de 1,41%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), fechou a quarta semana de outubro em 1,81% – é a maior média mensal desde junho, quando alcançou 4,21%.
- No mercado externo
As exportações completas em outubro/19 devem ser divulgadas ao final desta semana pelo Ministério da Economia. Por enquanto, o país embarcou 108,4 mil toneladas de carne bovina in natura nos 14 primeiros dias úteis do mês.
Mas além dos dados de exportação, destaca-se a visita à China pela Ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O encontro na última semana marcou a segunda vez que a Ministra visita o país neste ano.
A viagem permitiu reunião com o administrador geral da GACC (Órgão responsável pelas questões sanitárias e fitossanitárias), Ministro Ni Yuefen. Na pauta da reunião estava ampliação da exportação de produtos agropecuários brasileiros ao gigante asiático.
Além disso, ao final da semana a ministra se juntou a comitiva do presidente Jair Bolsonaro que chegou ao país na sexta-feira (25).
Foram aprovados 8 acordos comerciais entre China e Brasil, sendo a maioria deles agropecuários. O maior destaque para a pecuária foi o acordo que aprova o envio de carne termoprocessada.
- O destaque:
O preço mínimo do boi gordo levantado pelo Indicador do Cepea/B3 avançou 2,5% na última terça-feira (22), fechando em R$ 157,22/@. A sua valorização permitiu avanço mais expressivo para o seu fechamento à vista, subindo 1,43% naquele mesmo dia, alcançando R$ 166,25/@.
O indicador da Esalq já subiu 3% desde o início deste mês. Mas o viés altista se registra desde o início de setembro, acumulando valorização de 6,90% neste período.
- E o que está no radar?
Na última quinta-feira (24), a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que nos próximos dias é possível que haja novas habilitações de plantas frigoríficas a exportar para o gigante asiático.
A Ministra já entregou ao governo chinês a documentação necessária para autorização de mais 22 indústrias frigoríficas.
Segundo ela, as concessões devem acontecer no intervalo entre a visita do presidente Jair Bolsonaro ao país e a vinda do presidente Xi Jinping ao Brasil, marcada para o início de novembro no encontro dos BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Um abraço e até a próxima!