Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

Resumo da semana:

O mercado pecuário marcou mais uma semana de preços firmes, com renovações importantes das máximas observadas no mercado físico e também nos contratos futuros.

Neste sentido, o indicador do CEPEA se destacou por alcançar fechamento em R$ 164,60/@ – renovando a máxima nominal da média. Além disso, a máxima do indicador também chamou a atenção, com a alta de 1,09% colocando seu valor em R$ 171,62/@.

Os contratos futuros refletiram o mercado físico fortalecido, projetando preços mais altos para os próximos meses. O avanço expressivo colocou o equilíbrio de preços nos mais altos patamares já registrados nominalmente. O contrato para dez/19, por exemplo, subiu R$ 4,60/@ e fechou a última semana com parcial em R$ 173,55/@ (projetando alta de 5,43% ante o último indicador recorde do CEPEA).

Para completar os indicadores positivos do mercado pecuário, a carne no atacado também registrou novos reajustes, também renovando seus recordes de preços nominais. O boi casado subiu 2,33% na semana, com média em R$ 11,19/kg.

1. Na tela da B3

Os contratos futuros finalmente ganharam força expressiva na última semana, com alguns vencimentos disparando aos maiores níveis já negociados.

O vencimento para dezembro/19, por exemplo, subiu 2,72% ao longo da última semana, uma alta equivalente a R$ 4,60/@, e encerrando o pregão da sexta-feira (18) em R$ 173,55/@.

Outro destaque fica para a movimentação do contrato de maio/20, marcando a máxima em R$ 177,00/@ na última quinta-feira (17), mas devolvendo parte dos ganhos no último pregão da semana, quando encerrou em R$ 175,60/@ (alta acumulada de 1,8% na semana).

As valorizações acontecem na esteira de um mercado físico fortalecido, onde as indicações passaram por importantes revisões positivas, com o indicador do CEPEA alcançado seu maior valor nominal, fechando a última sexta-feira em R$ 164,60/@.

Portanto, o movimento em bolsa antecipa um cenário positivo para o setor pecuário, gerando importantes oportunidades para o gerenciamento de riscos de preços.

O destaque fica por conta da marcação sazonal, que valoriza em R$ 25,00/@ a variação mai/19 a mai/20 (de R$ 152 para R$ 177/@) e precifica uma alta de “apenas” R$ 3,00/@ entre mai/20 e out/20.

2. Enquanto isso, no atacado…

Na última semana, a carcaça casada bovina e a carcaça especial suína avançaram no mercado atacadista.

A carcaça casada bovina subiu 2,33%, fechando com média no atacado paulista em R$ 11,19/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 5,67%.

Nos últimos sete dias, a alta da carcaça especial suína ficou em 4,93%, fechando a semana cotada em R$ 7,78/kg – maior valor desde 16/jul (quando estava em R$ 7,82/kg). No último mês avançou 9,28%.

Já o frango resfriado avançou em menor intensidade, ganhando 0,97% ao longo da última semana e com a última média em R$ 4,16/kg. Nos últimos 30 dias a alta acumulada registra-se em 3,87%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), iniciou o mês negativo, mas fechou a terceira semana de outubro em 1,55%.

3. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos 14 (quatorze) primeiros dias úteis de outubro/19, contabilizaram um volume total de 108,37 mil toneladas e uma receita de US$ 476,39 milhões.

A média diária registrada ficou em 7,74 mil toneladas, alta de 31,38% em relação à média do mês anterior, e avanço de 25,27% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.396,09 alta de 3,52% em relação a setembro/19, e valorização de 12,91% quando comparado com o valor médio de outubro/18.

Se o ritmo diário se repetir, pode ser exportado um volume próximo a 170 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representará alta de 37,64% frente a quantidade embarcada em setembro/19, e avanço de 25,27% na comparação com o mesmo mês em 2018.

Por fim, as exportações com milho reduziram na última semana, com o país enviando 3,87 milhões de toneladas até a metade deste mês. O desempenho diário registrou-se em 276,59 mil toneladas, representando queda de 10,66% em relação ao mês anterior, entretanto quando comparado a 2018, representa alta de 95,94% frente ao mesmo período do ano anterior.

4. O destaque:

A arroba do boi gordo se mantém impulsionada, principalmente pela combinação de baixa oferta de animais prontos com as exportações aquecidas e consumo interno ainda bom considerando o período do mês.

E o reflexo de negócios no spot em preços maiores são observados nos indicadores do CEPEA, com importante valorização de 0,89% na última sexta-feira (18), renovando as máximas nominais do indicador da Esalq, com seu fechamento em R$ 164,60/@.

Além disso, as máximas finalmente superaram a marca em R$ 170,00/@, com a alta de 1,09% colocando a referência em R$ 171,82/@.

5. E o que está no radar?

Os preços da carne bovina no mercado doméstico brasileiro vêm ganhando força desde o final de julho deste ano.

Entretanto, o consumo doméstico tende a esfriar na segunda metade de cada mês, e combinado com maior oferta de animais do 2º giro de confinamento, o risco fica para a desaceleração das altas observadas nas últimas semanas.

Neste sentido, vale a pena acompanhar a evolução de preços no mercado atacadista, especialmente se as indicações continuarão renovando sistematicamente a suas máximas nos próximos dias.

Espera-se valorização proporcional para o contrato de outubro/20, de modo a marcar melhor a sazonalidade clássica da curva futura.

Um abraço e até a próxima!