Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

Os preços do boi gordo no mercado físico continuam em alta. O indicador do CEPEA renovou sua máxima nominal e alcançou R$ 162,70/@ na última quinta-feira (10/out). No mesmo dia, a máxima apontada pelo CEPEA também foi destaque: R$ 168,86/@ livre de impostos à vista.

As programações de abate seguem curtas e sem grandes alterações. O destaque fica por conta de algumas praças goianas, que mostram conforto na disponibilidade de animais, onde alguns frigoríficos já possuem animais escalados para praticamente todo o mês de outubro.

Nos outros estados a oferta é mais restrita, com o Mato Grosso do Sul mostrando as programações mais curtas de abate, média em 3 dias úteis. Mas os estados do norte do país (Rondônia, Pará e Tocantins) não ficam para trás, marcando escalas entre 4 e 5 dias úteis.

O spot fortalecido contagia os contratos futuros, que avançaram até suas máximas na última semana. O cenário mais otimista acontece pelas expectativas positivas com as exportações, e possibilidade de inversão do ciclo pecuário no próximo ano.

 

  1. Na tela da B3

Pela terceira semana consecutiva os contratos futuros do boi gordo preservam equilíbrio em patamares mais altos, mostrando novas valorizações ao final da última semana, com as altas retornando alguns vencimentos aos seus maiores patamares já registrados.

O contrato para outubro e dezembro/19, por exemplo, voltaram as máximas em R$ 162,90 e R$ 168,95/@, respectivamente.

Os contratos mais longos não acompanharam as altas com mesma intensidade, mas também exibiram ganhos ao longo da última semana.

Neste sentido, o maio/20 mantém oportunidades para gestão de riscos de preços, encerrando a última semana em R$ 172,50/@ – alta de R$ 1,40/@ no pregão da sexta-feira (11).

O fato é que a curva futura continua indicando valorizações expressivas ao longo do próximo ano, imprimindo um ágio de 6% entre o equilíbrio atual e o precificado para maio do próximo ano.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Na última semana, as três principais proteínas animais avançaram no mercado atacadista.

A carcaça casada bovina avançou 1,77%, fechando com média no atacado paulista em R$ 10,94/kg. Nos últimos 30 dias acumula alta de 3,11%.

A carcaça especial suína também demonstrou avanços, fechando a semana cotada em R$ 7,41/kg – maior valor nominal desde o final de julho, quando girava em torno de R$ 7,77/kg (alta de 1,23% na comparação semanal). 

O frango resfriado também subiu 4,57% na semana, com a média em R$ 4,12/kg. Nos últimos 30 dias o avanço acumulado é de 2,23%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), iniciou o mês negativo, mas fechou a segunda semana de outubro em 1,38%.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos 9 (nove) primeiros dias úteis de outubro/19 contabilizaram um volume total de 73,86 mil toneladas e uma receita de US$ 324,03 milhões.

A média diária registrada ficou em 8,20 mil toneladas, alta de 39,30% em relação à média do mês anterior, e avanço de 32,82% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.386,87 alta de 3,31% em relação a setembro/19, e valorização de 12,67% quando comparado com o valor médio de outubro/18.

Se o ritmo diário se repetir, pode ser exportado um volume próximo a 180 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representará alta de 45,49% frente a quantidade embarcada em setembro/19, e avanço de 32,41% na comparação com o mesmo mês em 2018.

Por fim, as exportações com milho continuam aquecidas, com o país enviando 2,83 milhões de toneladas nos primeiros 9 dias úteis deste mês. O desempenho diário registrou-se em 314,36 mil toneladas, representando alta de 1,54% em relação ao mês anterior, e também, alta de 122,70% frente ao mesmo período em 2018.

 

  1. O destaque:

A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assinará na próxima terça-feira (15/out) a Instrução Normativa (IN) que oficializará a antecipação em dois anos, da suspensão da vacinação contra febre aftosa no Paraná.

A antecipação da suspensão da vacinação pelo governo estadual na região paranaense, aumenta a expectativa que a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) reconheça a área como livre de aftosa sem vacinação.

Com isso, o cenário é favorável para o aumento em 2% das exportações para mercados que costumam pagar mais por produtos com essa classificação, tais como Japão, Coreia do Sul, México e China.

 

  1. E o que está no radar?

Os preços do milho ganharam fôlego nos últimos 30 dias, o indicador do CEPEA avançou 8,21% no período, alcançando a máxima recente em R$ 40,53/sc na última quarta-feira (09).

As altas no mercado físico paulista pressionam positivamente as cotações dos contratos em bolsa, assim como também revisam as indicações no balcão pelo interior do país.

O mercado pouco ofertado neste momento e as exportações em um ritmo impressionante colaboram para as altas (o país deve embarcar mais de 40 milhões de toneladas até o início do próximo ano, o que representaria mais de 40% da produção ao mercado externo, um avanço bastante expressivo quando comparado com uma relação histórica de 30% entre a produção nacional e as exportações).

Além disso, o mercado doméstico também se mostrou mais ativo nas últimas semanas, oferecendo novo fôlego às cotações.

Nos próximos meses, o ritmo da ponta demandante deve continuar dando o tom do mercado, com perspectiva de valores gradualmente mais fortalecidos conforme avança a entressafra.

Altas explosivas ficam a cargo de eventuais problemas na safra 2019/20 (especialmente com as vendas antecipadas em ritmo acelerado, novamente).

 

Um abraço e até a próxima!