Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

Em mais uma semana sem grandes variações, o balcão do mercado pecuário seguiu sustentado, já que novas altas mais expressivas ainda são limitadas pelas aquisições compassadas das indústrias.

É verdade também que os cenários são distintos de acordo com a região analisada. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a menor disponibilidade de animais prontos reduz as escalas e pressiona positivamente as indicações. Enquanto isso, programações mais confortáveis mantêm a pressão de alta mais branda no Mato Grosso.

Além disso, indústrias menores estão registrando programações mais curtas em diferentes regiões do país, enquanto as de maior capacidade seguem mais alongadas.

E se no mercado físico os preços seguem sustentados, os contratos futuros do boi perdem força pela falta de liquidez, predominando um movimento de acomodação da curva futura na última semana com registro de valores mais baixos.

No mercado atacadista, a carcaça casada bovina avançou, a alta semanal de 0,4% retornou as indicações registradas em meados de julho/19 e fez recuperar o spread da indúsrtia.

 

  1. Na tela da B3

Os futuros do boi passaram por novos ajustes negativos na última semana, com os contratos para 2019 caindo 0,80%, na média.

O vencimento para setembro/19 mostrou recuos mais expressivos e caiu quase 1,00% nos últimos 7 dias, o equivalente a uma baixa de R$ 1,55/@. 

Na mesma intensidade, também caiu o contrato para outubro/19 ao longo da última semana, com fechamento em R$ 158,90/@ (16/ago) – distante 3,90% do maior fechamento registrado para este contrato, em R$ 165,35/@ (18 de junho).

Graficamente, os contratos podem mostrar alguma recuperação no curto prazo. Entretanto, o consumo doméstico tem sido atendido razoavelmente pela disponibilidade de animais em SP, apesar da oferta de animais suplementados mais restrita nesta entressafra.

Portanto, para uma recuperação mais expressiva dos contratos em bolsa, pode ser necessária uma conjuntura de oferta e demanda mais ajustada, que deverá ser anunciada por escalas mais curtas.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

A carcaça casada bovina continuou com seu movimento de fortalecimento, refletindo o maior escoamento de carne no início do mês.

O boi casado avançou 0,4% na última semana, fechando com média no atacado paulista em R$ 10,36/kg, e recuperando os preços registrados há 35 dias (13 de julho).

Já o frango resfriado vem caindo desde o final de junho, acumulando desvalorização próxima a 4,55% no período. Na sexta-feira (16) foi cotado em R$ 4,20/kg. 

A carcaça especial suína também segue recuando, com queda acumulada de 20% desde o início de julho (quando alcançou as máximas recentes). Na semana, a carcaça especial suína caiu 4,10%, com última média em R$ 6,47/kg.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), começou o mês negativo, mas agora vem se recuperando e está em 0,68% de média nesta primeira quinzena de agosto.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos 15 (quinze) primeiros dias úteis de agosto/19 contabilizaram um volume total de 68,38 mil toneladas e uma receita de US$ 287,5 milhões.

A média diária registrada ficou em 5,69 mil toneladas, crescimento de 1,14% em relação à média do mês anterior, e recuo de 9,42% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.207,76, alta de 5,52% em relação a junho/19, e valorização de 3,15% quando comparado com o valor médio de julho/18.

Se o ritmo diário se repetir, serão exportadas 125 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representa queda de 2,34% frente a quantidade embarcada em julho/19, além de redução de 13,73% na comparação com o mesmo mês em 2018. 

As exportações com milho continuam aquecidas, com o país enviando 4,30 milhões de toneladas na primeira semana de agosto. O desempenho diário de 358,1 mil toneladas representa avanço de 30,39% em relação ao mês anterior, além de alta de 191,49% frente ao mesmo período em 2018.

 

  1. O destaque:

As programações de abate seguem mais curtas no Mato Grosso do Sul, demonstrando uma oferta mais restrita de animais prontos. Consequentemente, as indicações do boi gordo têm se reajustado positivamente no balcão, reduzindo também o seu diferencial de base em relação à referência paulista (atualmente ao redor de -7,50%).

Com a oferta mais confortável em São Paulo, Mato Grosso e em Goiás, a demanda nessas praças tem sido atendida, com baixa variação dos seus diferenciais de base, indicando que os preços podem continuar andando de lado no curto prazo. 

Aliás, os frigoríficos têm tido cautela nas negociações para evitar o acúmulo de estoques, aguardando como será o escoamento de carne bovina nos próximos dias, afinal, a aprovação de novas plantas habilitadas a exportar para a China não se concretizou.

 

  1. E o que está no radar?

O mercado de grãos tem chamado a atenção. Para o milho, o mercado continuará buscando por um novo equilíbrio de preços, após a agitação causada pelos números do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

O temor com a safra norte-americana ainda existe, mas após a previsão de produção em 353 milhões de toneladas do USDA, a especulação sobre a safra americana pode perder força e deixar mais confortável a relação de troca.

É interessante estar atento às entregas programadas de animais a termo, que estão se acumulando entre o fim de setembro e outubro, podendo trazer falta de espaço nas escalas para quem quer comercializar no mercado spot.

Para o valor da arroba, as indicações devem continuar oscilando compassadamente. A atenção fica para o desempenho do consumo doméstico nesta segunda metade do mês, além de acompanhamento das programações de abate das indústrias e exportações no período, que costumam se aquecer.

 

Um abraço e até a próxima semana!