Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

As variações de preços continuaram sem forças na última semana. Além de poucas oscilações para as indicações no mercado físico, as cotações dos contratos futuros e da carne bovina no atacado também mostraram variações limitadas.

O fato é que após maior concentração de oferta no último mês, combinado com a ausência de novidades altistas nos últimos dias, ainda mantém o mercado cauteloso.

Mas além disso, as escalas de abate mostraram-se gradualmente menores, ficando abaixo da média de 2019 no MS e em RO. Já em Goiás e no Triângulo Mineiro, as programações estão em linha com a média de 2019.

Esse cenário de menor disponibilidade de animais prontos pode aumentar a pressão sobre as indústrias, se confirmado, as indicações no spot podem ser reajustadas positivamente.

Em São Paulo e no Mato Grosso as programações também recuaram, mas continuam acima da média registrada neste ano, o que deve manter valorizações ainda limitadas no curtíssimo prazo.

No mercado atacadista, a carcaça casada bovina também mostrou valorizações, o avanço semanal de 0,8% pode indicar um melhor escoamento de carne nesta primeira metade do mês, movimento que deverá ser confirmado nas próximas semanas.

 

  1. Na tela da B3

De modo geral, os contratos futuros do boi gordo mostraram sensíveis avanços na última semana. 

O contrato para agosto/19 avançou 0,13%, fechando a semana em R$ 156,20/@. O vencimento para out/19 subiu 0,47%, com fechamento em R$ 161,00/@. Movimentos similares também ficaram para os contratos de novembro e dezembro/19, com fechamentos em R$ 162,00 e R$ 163,30/@, respectivamente.

A exceção fica para o contrato de set/19, caindo 0,19% ao longo da última semana, com fechamento em R$ 158,20/@.

As escalas de abate começaram o último mês mais confortáveis, e ainda com a fragilidade do mercado interno e a dificuldade no escoamento da carne, os mercados continuam mais cautelosos.

Neste sentido, uma relação de oferta e demanda mais ajustada, com reação dos preços de balcão, tem potencial de reaquecer os contratos futuros.

Ademais, a habilitação de novas plantas a exportar para a China também deve gerar reações positivas aos contratos em bolsa. Entretanto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, adiou sua viagem marcada para 17 de agosto à China.

As expectativas seguem positivas para novas habilitações, mas as novidades deste assunto podem ter ficado para o próximo mês.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Apesar de movimento ainda tímido, a carcaça casada bovina mostrou recuperação na última semana.

O boi casado avançou 0,80% nos últimos 7 dias, com a média para o atacado paulista fechando a última semana em R$ 10,30/kg. Apesar de variação relativamente pequena, o fato é que o fortalecimento das indicações pode indicar um mercado doméstico mais aquecido neste início de agosto.

Já o frango resfriado, permaneceu praticamente estável, caindo apenas 0,2% no comparativo semanal e com parcial na sexta-feira (09) em R$ 4,30/kg. No mês, a desvalorização acumulada está em 2,2%.

A carcaça especial suína continuou seu movimento de revisão para baixo das cotações, recuando 7% na última semana e fechando cotada em R$ 6,75/kg. No acumulado dos últimos 30 dias a queda está em torno de 15%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), começou o mês negativo, com média em -0,17%.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos 7 (sete) primeiros dias úteis de agosto/19 contabilizaram um volume total de 38,67 mil toneladas e uma receita de US$ 163,03 milhões.

A média diária registrada ficou em 5,52 mil toneladas, queda de 1,58% em relação à média do mês anterior, e recuo de 12,13% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.216,28, alta de 5,73% em relação a junho/19, e valorização de 3,36% quando comparado com o valor médio de julho/18.

Se o ritmo diário se repetir, serão exportadas 121 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representa queda de 5,8% frente a quantidade embarcada em julho/19, além de redução de 15% na comparação com o mesmo mês em 2018. 

Já as exportações com milho continuam aquecidas, com o país enviando 2,93 milhões de toneladas na primeira semana de agosto. O desempenho diário de 419 mil toneladas representa avanço de 52% em relação ao mês anterior, além de alta de 241% frente ao mesmo período em 2018.

 

  1. O destaque:

Na última quarta-feira (07/ago), a reforma da Previdência foi aprovada em segundo turno na Câmara dos deputados, com 370 votos a favor, 124 contra e uma abstenção.

 

Já na quinta-feira (08), a tramitação se iniciou no Senado, com a promessa de celeridade por parte do relator.

O avanço das reformas pode ajudar a proteger os ativos locais dos riscos externos, especialmente após a escalada das tensões comerciais entre EUA e China.

 

  1. E o que está no radar?

Nesta segunda-feira (12), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgará seu aguardado boletim de oferta e demanda. O mercado segue ansioso por informações oficiais sobre a safra 2019/20 nos Estados Unidos.

A volatilidade deverá seguir em alta nesta semana, especialmente para o milho, já que os impactos do clima sobre o cereal são mais incertos.

Para o mercado pecuário, seguiremos atentos as programações de abate, com expectativas de reajustes positivos para as indicações de balcão com a oferta de animais prontos ficando mais ajustada em alguns estados.

 

Um abraço e até a próxima semana!