Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Os preços da arroba caminharam lateralizados ao longo da última semana, apresentando pequenas variações nas principais praças pecuárias.
Na média das praças levantadas pela Agrifatto, as indicações de compra da indústria avançaram 0,22% no comparativo semanal. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, por exemplo, as indicações a prazo estão em R$ 155,00 e R$ 143,40/@, respectivamente.
A escala de abate média, no comparativo das duas últimas semanas, ficou estável, em 7,5 dias. A oferta decrescente de animais não permite que os frigoríficos diminuam consideravelmente as cotações da arroba, dando leve sustentação aos preços.
No atacado, o período sazonal de menor escoamento do atacado fez com os preços recuassem na última semana. No mercado externo, as exportações caminham em bom ritmo neste mês.
A média semana do indicador do boi Esalq/B3 ficou em R$ 153,49/@, alta de 0,72% em relação a igual período anterior.
- Na tela da B3
Após duas semanas de leves quedas, os contratos futuros mais longos voltaram a avançar.
O vencimento para julho/19 se aproxima da sua liquidação, que será dia 31, e fechou a última sexta-feira (19) em R$ 154,50/@, sem variação no comparativo semanal. Em relação ao indicador do boi gordo da última quinta-feira (18), é precificada uma alta de R$ 1,70/@.
O contrato futuro para outubro/19, o de maior liquidez nas últimas semanas, avançou 0,84% e fechou em R$ 162,95/@.
Os vencimentos mais longos ganharam fôlego após o Ministério da Agricultura informar que a China inspecionaria quatro plantas de aves e suínos frigoríficos na sexta-feira passada.
A diferença de preços entre os contratos para julho e outubro/19 (spread), que vinha trabalhando abaixo de 5% desde o início do mês, fechou a semana em 5,47%, evidenciando um mercado mais otimista para o boi no final do ano.
- Enquanto isso, no atacado…
Embora a carne de frango tenha permanecido estável, as carnes bovina e suína recuaram na última semana.
A carcaça casada bovina recuou 1,68% no comparativo semanal e terminou cotada em R$ 10,27/kg na última sexta-feira (19). Em julho, acumula queda de 2,47%.
O frango resfriado segue estável desde o final de junho e fechou a última semana em R$ 4,40/kg no mercado atacadista. Já a carcaça casada suína especial recuou 1,84% e, na última sexta-feira (19), estava cotado em R$ 7,73/kg. Na parcial deste mês, registra queda de 4,33%.
O escoamento do atacado, sazonalmente, é menor na segunda metade de cada mês, e os preços podem arrefecer até a última semana de julho, diminuindo as margens das indústrias.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) diminuiu na última semana, uma vez que os preços do atacado recuaram e a arroba do boi gordo apresentou leve avanço.
Na média da última semana, o spread ficou em 0,73%, ante 3,02% na semana anterior. Com menores margens, frigoríficos devem tentar originar matéria-prima a preços menores no curto prazo, especialmente em se considerando escalas de abate que, apesar de terem recuado, seguem ainda acima da média.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 15 (quinze) primeiros dias úteis de julho/19 contabilizaram um volume total de 88,57 mil toneladas e uma receita de US$ 350,12 milhões.
A média diária registrada ficou em 5,90 mil toneladas, alta de 0,6% em relação à média do mês anterior e queda de 0,7% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 3.952,92, alta de 2,4% em relação a junho/19, mas recuo de 5,8% quando comparado com o valor médio de julho/18.
Se o ritmo diário se repetir, serão exportadas 135,8 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês, um volume 22% superior ao embarcado em junho/19 e 4% maior ante julho/18.
- O destaque:
Apesar de as indústrias terem conseguido alongar suas escalas no início deste mês, as tentativas de diminuir as indicações de compra não obtiveram tanto sucesso, principalmente pela oferta decrescente de animais na última semana.
As programações de abate chegaram a ficar acima de 8,0 dias na primeira semana do mês, pela facilidade das indústrias em adquirir matéria-prima. Entretanto, o cenário mudou e elas têm se ajustado nos últimos dias.
Desde o início do mês, a cotação da arroba a prazo em São Paulo recuou 0,96%, para R$ 155,00/@. No Mato Grosso do Sul e Goiás, as quedas foram de 0,68% e 1,33%, para R$ 143,40 e R$ 142,00/@, respectivamente.
- E o que está no radar?
A Ministra Tereza Cristina, em entrevista a jornalistas, disse que a China deverá pedir para inspecionar mais frigoríficos além dos quatro da última semana, incluindo plantas de carne bovina.
O cenário otimista para habilitação de novas plantas contagiou o mercado futuro do boi, fazendo os contratos mais longos avançarem.
Assim, nos próximos dias, se houver indicações firmes e positivas quanto às habilitações, os contratos podem seguir avançando, gerando oportunidades de trava de preços (ou garantia de preço mínimo) para os animais que serão abatidos no final deste ano, tanto via mercado futuro quanto opções de venda (PUT).
O vencimento outubro/19 atingiu sua máxima no dia 18 de junho, fechando em R$ 165,35/@. Essa seria uma próxima barreira a ser vencida caso o mercado reaja.
Um abraço e até a próxima semana!