Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

As indústrias continuaram subindo as suas indicações de compra ao longo da última semana, impulsionadas pela demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto no externo.

No ambiente doméstico, o maior consumo sazonal no início de cada mês oferece novo fôlego ao escoamento de carne bovina no atacado e, consequentemente, aumenta a necessidade de matéria-prima dos frigoríficos.

No cenário externo, as exportações de junho, quando comparadas com o mesmo período do ano passado, avançaram 105%, dando suporte às cotações da arroba. É importante lembrar que o crescimento fica acima da média devido à ocorrência da greve dos caminhoneiros no mesmo período do ano passado.

Na média das praças levantadas pela Agrifatto, a arroba a prazo avançou 0,99% no comparativo semanal. O destaque fica para o estado de Goiás, onde as cotações subiram 3,17% no período, corrigindo o diferencial.

No atacado, a carcaça casada segue avançando, mas em menor intensidade que a arroba do boi gordo, levando a um encurtamento do spread, que piorou ante a semana anterior.

Na B3, a liquidação do contrato futuro de junho, que se dá pela média aritmética dos 5 (cinco) últimos fechamentos do indicador do boi gordo (Esalq/B3), ficou estabelecida em R$ 153,97/@.

 

  1. Na tela da B3

Os contratos futuros caminharam lateralizados ao longo da última semana e continuam próximos das máximas – atingidas no último dia 18/jun.

O vencimento julho/19, o mais curto a partir de agora, avançou 0,16% no comparativo semanal e fechou a sexta-feira (28) sendo negociado em R$ 156,00/@. O maior fechamento deste contrato foi em R$ 156,46/@.

Já o vencimento outubro/19 registra maior liquidez em bolsa, encerrando a última semana a R$ 163,60/@ – sem variação na comparação semanal. O fechamento máximo deste contrato foi em R$ 165,35/@.

A diferença de preços entre os de julho e outubro/19 (spread), encerrou o último mês em 5,00%, próximo da média mensal (junho) do spread, que ficou em 4,98%.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Apesar de intensidade relativamente fraca, as três principais proteínas no atacado avançaram na última semana.

A carcaça casada bovina avançou 0,53% no comparativo semanal e fechou a sexta-feira (28) em R$ 10,52/kg. Em junho, acumulou alta de 1,99%.

O frango resfriado, que passou por forte queda na penúltima semana de junho, subiu 1,03% ao longo da última semana do mês e fechou cotado em R$ 4,40/kg. No consolidado de junho, acumulou queda de 8,53%.

Já a carcaça suína especial avançou 0,44% na semana passada e encerrou a sexta-feira em R$ 8,08/kg. Apenas no mês passado, subiu 12,85%.

O pagamento de salários, no início de cada mês, aumenta o consumo das proteínas do atacado nas duas primeiras semanas. Portanto, os preços podem continuar subindo ao longo desta e da próxima semana.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo), que chegou a trabalhar acima de 6% no início de junho, encurtou e encerrou o mês em 2,20%. As altas em maior intensidade da arroba do boi gordo encurtaram as margens dos frigoríficos, mas ainda trabalham em campo positivo.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes ao mês de junho/19 contabilizaram um volume total de 111,51 mil toneladas e uma receita de US$ 430,51 milhões.

A média diária registrada ficou em 5,87 mil toneladas, avanço de 4,7% em relação à média do mês anterior e alta de 126,1% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

Os embarques de junho/18 foram impactados pela paralisação dos caminhoneiros, que prejudicou os embarques. Nos meses conseguintes, os embarques voltaram em ritmo mais forte e volumes crescentes.

O preço médio registrado por tonelada foi de US$ 3.860,68, queda de 0,5% em relação a maio/19 e recuo de 7,7% quando comparado com o valor médio de junho/18.

No primeiro semestre de 2019, o volume exportado de carne bovina in natura registrou um avanço de 27,5% ante o mesmo período ano passado. No faturamento obtido com os embarques, a alta registrada no mesmo comparativo foi de 18,0%.

 

  1. O destaque:

Os preços da arroba no mercado spot, após atingirem as máximas de 2019 em abril, iniciaram uma trajetória baixista nas principais praças pecuárias, principalmente pela maior oferta de animais no final da safra de capim.

Entretanto, entre maio e junho, o caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (BSE) no Mato Grosso derrubou os preços do mercado pecuário, que perdeu ritmo de negociação com pecuaristas retirando-se do mercado no período.

Depois da “tempestade” de 10 dias, a retomada das exportações para a China (13/jun), reaqueceu as compras dos frigoríficos, fazendo com que as indicações se recuperassem tão rápido quanto caíram. Hoje voltaram aos mesmos patamares pré-crise.

 

  1. E o que está no radar?

Após o indicador do boi gordo (Esalq/B3) retornar aos menores patamares desde meados de novembro/18, em R$ 144,85/@ do dia 07/jun, avançou 6,59% até a última quinta-feira.

Na esteira do mercado físico, os contratos futuros também atingiram a mínima no início de junho. Mas, na recuperação dos preços, houve euforia na B3 e os vencimentos renovaram as máximas no dia 18/jun.

Os preços máximos negociados para julho/19 e outubro/19, até a última semana, foram em R$ 157,00 e R$ 165,50/@, respectivamente.

Após a trajetória altista, os contratos se ajustaram e, na ausência de novos fatores para renovar os ânimos dos mercados, o predomínio ficou para lateralidade na última semana.

Diante desse cenário, é possível dar sequência ao hedge da entressafra do capim, vendendo uma parcela de contratos que irão compor um “preço médio” aos animais entregues no 2º semestre.

Um abraço e até a próxima semana!