Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

Resumo da semana:

Após o caso atípico de BSE no Mato Grosso diminuir a liquidez no mercado físico, parte das plantas frigoríficos saíram do mercado ou diminuíram o ritmo de abates, testando indicações de compra bem abaixo das praticadas anteriormente.

Entretanto, a retomada das exportações para a China na última quinta-feira (13) deve movimentar o mercado no curto prazo, com indústrias originando animais com maior avidez e aumentando as ofertas de compra.

Na média das praças levantadas pela Agrifatto, entre a divulgação do caso de BSE e a reabertura do mercado chinês, a arroba a prazo recuou 2,69%. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, as quedas foram de 2,64% e 2,52%, respectivamente.

No atacado, por mais uma semana, os preços da carne bovina não registraram avanços significativos e o spread continuou trabalhando acima de 5%.

A média semanal do indicador do boi gordo Esalq/B3 ficou em R$ 146,93/@, queda de 0,70% em relação a igual período anterior.

  1. Na tela da B3

Os contratos futuros seguiram, embora em menor intensidade, trajetória altista ao longo da última semana. A retomada dos embarques para a China deu novo fôlego, especialmente aos vencimentos mais longos.

O contrato futuro mais curto, para junho/19, avançou 0,73% quando comparado com a semana anterior, e fechou a sexta-feira (14) em R$ 151,75/@. Desde o início do mês, registra alta de 0,56%.

Já o vencimento outubro/19, que apresenta maior liquidez na B3, subiu 1,39% no comparativo semanal e encerrou a semana passada em R$ 163,55/@. Neste mês, acumula alta de 4,27%.

Os contratos de entressafra voltaram a patamares próximos das máximas, que foram registras em meados de maio/19, dando oportunidades para pecuaristas fixarem os preços de venda dos últimos meses do ano, tanto via futuro quanto via opções (compra de PUT).

O spread entre os contratos de outubro e junho/19 seguem nas máximas deste ano, e trabalharam acima de 7,40% (ou R$ 11,10/@) na última semana.

  1. Enquanto isso, no atacado…

Na última semana, as três principais proteínas do atacado registraram avanços.

A carcaça casada bovina avançou 0,15% no comparativo e fechou a sexta-feira (14) cotada em R$ 10,35/kg. Desde o início do mês, registra alta de 0,34%.

O fechamento do mercado chinês nas duas primeiras semanas deste mês aumentou a oferta de carne bovina destinada ao mercado interno, limitando altas das cotações.

O frango resfriado subiu 1,66% no comparativo de 7 (sete) dias e fechou a última semana em R$ 4,58/kg. Em junho, apresenta queda acumulada de 4,68%.

Já a carcaça suína especial segue registrando avanços. Apenas na última semana, a alta foi de 4,45% e fechou precificada em R$ 7,75/kg. No mês e no ano, registra alta de 8,17 e 23,13%, respectivamente.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo), que aumentou consideravelmente após as quedas da arroba derivadas do caso de BSE e o embargo ao mercado chinês, trabalhou em 6,02% na média da última semana.

Nas próximas semanas, a expectativa é que o indicador passe por ajustes negativos.

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura dos 10 (dez) primeiros dias úteis de junho/19 contabilizaram um volume total de 53,42 mil toneladas e uma receita de US$ 208,79 milhões.

A média diária registrada ficou em 5,34 mil toneladas, queda de 4,7% em relação à média do mês anterior e avanço de 105,8% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio registrado por tonelada foi de US$ 3.908,14, alta de 0,75% em relação a maio/19, mas recuo de 6,5% quando comparado com o valor médio de junho/18.

As exportações de junho/18 foram prejudicadas pela greve dos caminhoneiros, que aconteceu ao final de maio/18. Neste ano, o mercado chinês, segundo maior destino das exportações brasileiras de carne bovina, ficou fechado entre os dias 03 e 13/jun, mas os volumes foram retomados e devem continuar em ritmo acelerado nos próximos meses.

Se o ritmo diário dos primeiros dias se repetir ao longo do mês, serão embarcadas 101,5 mil toneladas, um avanço de 86% ante o mesmo período de 2018.

  1. O destaque:

Na última quinta-feira (13), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados de abates referentes ao 1º trimestre de 2019.

Segundo o levantamento, foram abatidas 7,9 milhões de cabeças entre janeiro e março deste ano, uma queda de 3,6% ante o 4º trimestre de 2018 e uma alta de 1,6% ante o mesmo período do ano passado.

O destaque fica para a participação das fêmeas (vacas e novilhas) na composição dos abates, que foi de 46,4% no 1º trimestre deste ano e continuam em patamares elevados, reforçando a ideia de que os preços dos bezerros podem aumentar consideravelmente no médio/longo prazo.

  1. E o que está no radar?

No radar fica a queda de braço entre uma procura maior de animais pelos frigoríficos e uma oferta maior de animais por parte dos produtores.

De um lado, a retomada das exportações para a China no dia 13/jun aumentará a procura das indústrias por animais terminados no curto prazo. Havia indústrias trabalhando com capacidade ociosa e que devem aumentar o ritmo de abates.

Do outro, pecuaristas evitam entregar animais nos patamares de preços praticados nas últimas semanas. Entretanto, as piores condições das pastagens com a intensificação do clima seco e frio deve aumentar a oferta de animais. Além disso, a chegada de animais de confinamento também deve crescer daqui em diante.

Outro ponto que deve ficar no radar são os preços futuros do boi gordo. O vencimento outubro/19, que apresenta maior liquidez, trabalhou acima de R$ 163,00/@ nos últimos pregões, dando oportunidades para gerir os riscos da entressafra.

Um abraço e até a próxima semana!