Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

Resumo da semana:

A melhora sazonal do consumo nas primeiras semanas do mês permitiu avanço do escoamento de carne no atacado e, consequentemente, pressão positiva sobre os preços da carcaça casada bovina.

Assim, o spread (diferença de preço da carne vendida ao atacado com o valor pago pela arroba do boi gordo) voltou ao campo positivo.

As exportações parciais de abril apresentaram um ritmo favorável e devem, no consolidado, superar significativamente os volumes embarcados no mesmo período do ano passado.

As escalas avançaram aos maiores patamares desde o final de janeiro e atendem, na média dos estados levantados pela Agrifatto, a 6,8 dias.

Após 5 (cinco) semanas de alta, a média semanal do indicador do boi gordo recuou 0,86% e ficou em R$ 157,03/@.

  1. Na tela da B3

Após renovarem as máximas na segunda semana de abril, os contratos mais curtos (abril e maio) passaram por leves ajustes na última semana. Já o vencimento de outubro segue renovando as máximas e valorizando os preços projetados para a entressafra.

O vencimento abril/19 fechou a última quinta-feira (18) em R$ 156,50/@, queda de 0,48% no comparativo de 7 (sete) dias.

A partir da próxima terça-feira (23), os fechamentos do indicador do boi gordo entrarão na média de liquidação desse contrato (abril).

O vencimento maio/19 recuou 0,19% no mesmo comparativo e fechou a última semana em R$ 154,70/@. Neste mês, acumula alta de 0,45%.

Já o contrato para outubro/19 renovou sua máxima na véspera de feriado e encerrou a quinta-feira (18) a R$ 159,90/@, alta de 0,57% na semana e 1,07% no mês.

Com o indicador Esalq/B3 recuando nos últimos fechamentos e escalas mais longas, aumenta a possibilidade de os contratos futuros da B3 se ajustarem nos próximos dias, especialmente os vencimentos mais curtos.

  1. Enquanto isso, no atacado…

As proteínas no atacado avançaram na semana que antecedeu o feriado de Páscoa. Frango, suíno e bovino atingiram o maior valor desde o início do ano.

A carcaça casada bovina estava cotada em R$ 10,72/kg na véspera do feriado, o que representou um avanço semanal de 1,52% e alta de 0,66% neste ano.

A carne suína especial subiu 0,86% na última semana e fechou cotada em R$ 6,43/kg. Em 2019, acumula avanço de 2,23%.

A carne de frango resfriada subiu 0,21% na semana passada e fechou em R$ 4,77/kg. No ano, acumula alta de 11,99%.

Conforme previsto, as altas da carne bovina no atacado, somadas às quedas da arroba no mercado físico, trouxeram o spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) novamente para o campo positivo.

Na última quinta-feira (18), o spread estava em +4,37%. A tendência é que ele passe por ajustes, mas continue trabalhando no campo positivo no curto prazo, tendência que vem sendo observada desde 2017.

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques dos 14 (quatorze) primeiros dias úteis de abril/19 contabilizaram um volume total de 70,97 mil toneladas e uma receita de US$ 265,31 milhões.

A média diária registrada foi de 5,07 mil toneladas, queda de 18,74% em relação à média do mês anterior, mas com avanço de 51,87% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada foi de US$ 3.738,62, ligeira alta de 0,48% em relação a março/19 e recuo de 6,60% quando comparado com o valor médio de abril/18.

Se o ritmo diário se mantiver ao longo do mês, deverão ser exportadas 96,31 mil toneladas de carne in natura, volume 37,4% maior ante o embarcado em abril/18 (70,09 mil ton.).

Para mais detalhes sobre as exportações de carne bovina no primeiro bimestre de 2019 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.

  1. O destaque:

Na última semana, apesar do feriado, os frigoríficos conseguiram alongar as programações de abate. Na média semanal, o avanço foi de 20,2%.

Em São Paulo e Goiás, as programações atendem a 8,8 e 7,2 dias, respectivamente. No Mato Grosso do Sul, as escalas estão em 6,8 dias.

Como resultado, na média das praças levantadas pela Agrifatto, os preços da arroba a prazo recuaram 0,15% na última semana, evidenciando a perda do fôlego altista, que se fazia presente no mercado pecuário desde o final de janeiro.

Os destaques ficam para São Paulo e Goiás, onde as arrobas recuaram 0,42 e 1,34%, para R$ 157,67 e 144,83/@, respectivamente.

 

  1. E o que está no radar?

No curto prazo, o alongamento das escalas permite que os frigoríficos testem preços abaixo das indicações. Pode ser um sinal do início da virada da safra, caracterizada historicamente por preços mais frouxos, mas cujo início ainda depende do início do período de estiagem, que não começou.

Diferentemente do cenário que estava se desenhando, grande parte das praças pecuárias se depararam com um ritmo favorável de chuvas nos últimos dias, melhorando as condições das pastagens.

Assim, o atual cenário possibilita que pecuaristas realizem a venda de boiadas de forma compassada, aliviando pressões negativas sobre a arroba por parte da indústria.

Portanto, no curtíssimo prazo, a oferta de animais terminados ditará o ritmo do mercado, posto que entramos em um período de menor consumo interno de carne bovina, reduzindo a necessidade de compra dos frigoríficos.

Um abraço e até a próxima semana!