Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

Resumo da semana:

O atraso da terminação de boiadas a pasto pela falta de chuvas em dezembro e janeiro ainda limita a oferta de animais terminados.

O bom ritmo das chuvas em fevereiro e março aumentou a oferta de capim e possibilitou um maior poder de barganha aos pecuaristas no momento da comercialização dos animais terminados.

A desvalorização do Real e a demanda externa aquecida por carne bovina ajudam a firmar o mercado, o que aumenta as indicações e pressiona positivamente o mercado.

No mercado interno, o spread (diferença de preço da carne vendida ao atacado com o valor pago pela arroba bovina) voltou a trabalhar em campo negativo, com última parcial em -2,46%. Desde o final de janeiro o indicador vinha se mantendo em níveis positivos.

A média semanal indicador Esalq/B3 do boi gordo fechou em R$ 157,70/@, alta de 1,14% ante a semana anterior.

  1. Na tela da B3

A primeira semana de abril foi de alta para os contratos futuros do boi gordo. Os vencimentos abril e outubro atingiram o maior valor de 2019.

O contrato para abril alcançou seu maior patamar já registrado após avançar 0,71% na última semana, e fechou negociado em R$ 156,20/@. Hoje reage e bate R$ 157,00/@. Desde o início do ano, a alta acumulada é de 2,76%.

O vencimento maio subiu 0,52% no mesmo comparativo e fechou a sexta-feira (05) a R$ 154,30/@, também um valor recorde que foi superado na manhã desta segunda-feira por novas máximas, acima de R$ 155,00/@. Em 2019, já registra avanço de 1,28%.

Já o vencimento outubro fechou em R$ 158,50/@, valor 0,67% maior frente a semana anterior. No ano, a alta é de 0,96%, sendo que hoje alcança a marca de R$ 159,00/@.

O spread entre os contratos de maio e outubro, que estava em 3,6% dia 03/jan, fechou a última semana em 2,7%. Ou seja, o mercado futuro, neste período, diminuiu a diferença de R$ 5,50/@ para R$ 4,20/@ entre os contratos.

Nas próximas semanas, o spread pode voltar a patamares mais altos.

  1. Enquanto isso, no atacado…

Na primeira semana de abril, os preços das três principais proteínas no atacado exibiram direções distintas.

A carcaça casada bovina recuou 0,34% na última semana e fechou a sexta-feira (05/04) cotada em R$ 10,32/kg. Em 2019, acumula queda de 3,05%, motivo pelo qual o spread vem se deteriorando.

A carne suína especial ficou praticamente estável. A queda registrada foi quase nula, de 0,16%, sendo o quilo cotado em R$ 6,36. No consolidado desde o início do ano, registra alta de 1,11%.

Já o frango resfriado passou de 4,47 para 4,72/kg, registrando alta de 5,60% no comparativo semanal. Neste ano, acumula alta de 10,81%.

Indicadores econômicos de desemprego e endividamento em alta reforçam a competitividade fortalecida do frango no varejo neste momento.

Ao longo desta semana, as proteínas do atacado devem registrar avanços, principalmente pelo período de consumo interno mais aquecido e um ritmo mais intenso das exportações na primeira quinzena do mês.

Com a carcaça casada bovina recuando no atacado e as altas da arroba do boi gordo no físico, o spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) voltou ao campo negativo, e fechou a última sexta-feira (05) em -2,46%.

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques de março/19 contabilizaram um volume total de 118,52 mil toneladas e uma receita de US$ 441,00 milhões.

A média diária registrada foi de 6,24 mil toneladas, avanço de 8,06% em relação ao mês anterior e alta de 7,98% frente à média diária do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada foi de US$ 3.720,77, ligeira queda de 0,86% em relação a fevereiro/19 e recuo de 6,20% quando comparado com o valor médio de março/18.

As exportações de carne suína acumularam 47,45 mil toneladas e uma receita de US$ 97,04 milhões. A média diária apresentou alta de 8,92% e 7,01%, quando comparadas com fevereiro/19 e março/18, respectivamente.

Já os embarques de carne de frango contabilizaram 317,73 mil toneladas e uma receita de US$ 510,55 milhões. A média diária do volume exportado cresceu 15,43% e 0,16% ante fevereiro/19 e março/18, respectivamente.

Para mais detalhes sobre as exportações de carne bovina no primeiro bimestre de 2019 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.

  1. O destaque:

Os diferenciais de base (Praça x SP), que na média dos últimos 5 (cinco) anos encurtaram entre janeiro e abril, em 2019 têm se ampliado, voltando a trabalhar próximos às médias históricas.

No Mato Grosso do Sul, em janeiro, o diferencial de base estava em -7,68% e, na primeira semanal de abril, ficou em -9,2%. No Mato Grosso, no mesmo comparativo, passou de -11,96 para -13,09%.

Das principais praças pecuárias, a exceção fica com o estado de Goiás, onde o diferencial passou de -8,94 para -8,59% no mesmo período.

 

  1. E o que está no radar?

A queda recente dos preços do milho tem reforçado a relação de troca do boi gordo com o cereal, algo que tende a impulsionar o confinamento. Além disso, o mercado se tornou mais otimista com a recente alta dos preços de balcão registrada ao longo de março.

Nos próximos meses, o aumento da procura por categorias mais jovens deve fortalecer os preços dos animais de reposição e diminuir as relações de troca do boi gordo, o que reforça que o momento é bom para a decisão de confinar.

Além disso, na última sexta-feira (05), o mercado futuro precificava uma queda de R$ 1,90/@ da arroba do boi gordo entre o vencimento abril e maio.

Em contrapartida, no mesmo dia, a B3 precificava melhores relações de troca do boi gordo por sacas de milho entre abril e julho.

Na última sexta, era possível adquirir 4,08 sacas de milho com uma arroba. Já em julho, a B3 indica que pode ser possível adquirir 4,63 sacas. Importante ressaltar que foram considerados fechamentos do Cepea e contratos futuros da B3 da última sexta-feira (05) na projeção.

Um abraço e até a próxima semana!