Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Por mais uma semana, o mercado pecuário seguiu firme e registrou avanços nas maiorias das praças levantadas pela Agrifatto.
E, apesar do escoamento menos intenso do atacado na segunda metade do mês, a oferta restrita de animais e as curtas escalas de abate permitiram indicações em patamares mais altos.
Além disso, as melhores condições das pastagens permitem um maior poder de barganha aos pecuaristas, que podem vender compassadamente os animais.
No comparativo semanal, a arroba do boi gordo avançou em 6 (seis) UFs e recuou apenas em 2 (dois). A média-Brasil (a prazo) subiu 0,33% na semana.
A duração média das escalas de abate, na mesma comparação, recuou -8,4% e fechou a última semana em 5,1 dias.
O contrato futuro de março teve sua liquidação em R$ 155,93/@, o maior valor nominal desde o primeiro semestre de 2016.
- Na tela da B3
No mercado futuro da B3, os vencimentos mais curtos, especialmente abril e maio, avançaram ao longo da última semana.
Abril fechou a sexta-feira (29) negociado em R$ 155,10/@, registrando avanço de 2,65% em março. Já o contrato para maio encerrou a semana em R$ 153,50/@, alta de 2,03% no último mês.
O contrato futuro para outubro, ao contrário dos vencimentos mais curtos, recuou 0,35% no mesmo período, fechando em R$ 157,45/@. No consolidado de março, o contrato avançou 0,48%.
Os vencimentos curtos nos patamares recorde desde que começaram a ser negociados, tornam mais atrativas tanto a aquisição de seguro de preço mínimo (compra de PUT) quanto a venda via mercado futuro (preço fixo). Entretanto, dado o ímpeto altista do mercado, sugere-se cautela com posições fixas no momento (futuro e termo).
- Enquanto isso, no atacado…
Ao longo da última semana, as principais proteínas do atacado seguiram a tendência sazonal e recuaram na segunda metade do mês, porém com desempenho positivo em março.
A carcaça casada bovina recuou 0,24% no período e esteva cotada em R$ 10,43/kg na última sexta-feira (29). Apesar disso, ao longo de março, registrou avanço acumulado de 1,31%.
O frango resfriado caiu 0,11% no mesmo período, fechando a semana a R$ 4,47/kg. No mês, subiu expressivos 5,18%.
Já a carcaça suína especial, na mesma comparação, caiu 0,86% e ficou cotada em R$ 6,37/kg. Em março, avançou 3,83%.
A queda, ainda que leve, reforça a maior dificuldade de escoamento na segunda metade do mês, que é típica no período. Entretanto, o consumo deverá reagir nos próximos dias, impulsionado pelo pagamento de salários.
Com valorização mais expressiva da arroba ante a carne bovina do atacado, o spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) encolheu de de 2,77% para 0,03% no comparativo semanal, piorando a conta do frigorífico com a comercialização interna de carne bovina.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques de março/19 contabilizaram um volume total de 118,52 mil toneladas e uma receita de US$ 441,00 milhões.
A média diária registrada foi de 6,24 mil toneladas, avanço de 8,06% em relação ao mês anterior e alta de 7,98% frente à média diária do mesmo período de 2018. O preço médio por tonelada foi de US$ 3.720,77, ligeira queda de 0,86% em relação a fevereiro/19 e recuo de 6,20% quando comparado com o valor médio de março/18.
Os embarques perderam ritmo na última semana de março, com as exportações totalizando um volume 4,45% menor ante a projeção inicial da Agrifatto.
Para mais detalhes sobre as exportações de carne bovina no primeiro bimestre de 2019 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.
- O destaque da semana (e do mês)
O indicador Esaql/BM&F do boi gordo, que iniciou março balizado em R$ 150,05/@, terminou o mês com fechamento em R$ 157,05/@ – alta de 4,6
Os fechamentos mais altos do indicador, especialmente na última semana, levaram o contrato futuro de março a renovar as máximas entre segunda e quarta-feira (27) em R$ 156,00/@.
Os próximos vencimentos (leia-se abril e maio), também foram impactados e registraram avanços na última semana, atingindo o maior fechamento de 2019 também na quarta-feira (27).
- E o que está no radar?
É importante ter em mente que os animais a pasto tiveram sua engorda retardada pela falta de chuvas na virada de ano. A partir do momento em que a estiagem recomeçar (entre a metade de abril e meados de maio), haverá risco de concentração da oferta de final da safra de capim, com potencial para aliviar brevemente os preços pecuários. Essa expectativa recai sobre a sazonalidade natural, bem como sobre a capacidade limitadas de suporte das pastagens, que receberam menor volume de chuvas no Brasil Central do que o habitual.
Além disso, a situação deverá aquecer o mercado de insumos para a nutrição, já que a engorda irá requerer suplementação.
Não à toa, o mercado futuro precifica a entressafra com uma diferença historicamente pequena em relação aos contratos da safra: a média das cotações futuras entre abril, maio e junho comparada à média para setembro, outubro e novembro/19 indica uma alta de apenas 1,14%.
Além disso, é importante ficar atento à reposição, pois com o bom ritmo de chuvas nas principais praças pecuárias, a procura por essas categorias (bezerros, garrotes e bois magros) tem aumentado, e deve se intensificar ainda mais daqui em diante.
Um abraço e até a próxima semana!