Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Durante o período de carnaval, as escalas de abate encurtaram. Com o retorno do mercado e daqueles pecuaristas que se mantiveram fora do mercado no período, além de dificuldades logísticas em algumas regiões, na última semana as escalas avançaram.
As programações médias de abate nas praças levantadas pela Agrifatto, que atendiam a 4,4 dias na quarta-feira (07), passaram para 5,6 dias no fechamento da última semana, um avanço de 28% no período.
Entretanto, os preços seguiram firmes, principalmente pela dificuldade das indústrias em adquirir matéria-prima para atender a sua necessidade.
No mercado interno, a primeira quinzena do mês oferece um maior consumo de carne bovina, devido ao pagamento de salários. Já a demanda externa iniciou o mês apresentando um ritmo acelerado das exportações, auxiliando o escoamento da carne.
O indicador do boi gordo avançou 0,56% no comparativo semanal, fechando a última sexta-feira (15) cotado em R$ 152,20/@.
- Na tela da B3
Na comparação semanal, os contratos futuros praticamente andaram de lado, orbitando em torno do fechamento da sexta-feira anterior (08).
Ao longo da última semana, o contrato para março avançou 0,46% e fechou em R$ 153,25/@ – o maior patamar desde que passou a ser negociado.
E o contrato futuro acima do mercado físico evidencia uma expectativa de firmeza dos preços pecuários neste mês. Na última sexta-feira (15), a diferença entre o futuro e o físico estava em +R$ 1,25/@.
O vencimento maio, o de maior liquidez atualmente, subiu 0,23% no mesmo período e fechou em R$ 151,65/@. Desde o início de março, acumula alta de 0,80% na primeira quinzena deste mês.
Já outubro, o vencimento mais longo que apresenta razoável liquidez, avançou 0,38% na semana e fechou a última quinta-feira a R$ 157,70/@.
Em relação à venda de animais no final da safra de capim, a compra de PUTs (seguro de preços) para maio está mais atrativa.
Em relação à reposição, duas das opções que aparecem ao pecuarista são: compra de CALL (seguro de preços contra alta) para outubro ou aquisição de contratos futuros, travando o preço nos patamares atuais.
- Enquanto isso, no atacado…
Seguindo a sazonalidade, as três principais proteínas animais valorizaram-se na última semana, principalmente influenciadas pelo período de maior escoamento no atacado.
No comparativo semanal, a carcaça casada bovina subiu 1,59% e fechou a última semana a R$ 10,52/kg. No acumulado de março, a valorização é de 2,14%.
A carne de frango variou 3,26% apenas na última semana, passando de R$ 4,29 para R$ 4,43 por quilo. No mês, a alta é de 4,36%.
Apesar de ter recuado 0,81% na penúltima semana, a carne suína reajustou e subiu 4,77% nos últimos 7 (sete) dias. Em março, a alta acumulada é de 3,91%.
A partir de meados de março, o consumo dessas carnes no atacado pode esfriar, podendo ajustar suas cotações.
Com valorização mais expressiva da carne bovina no atacado ante o avanço da arroba, o spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) aumentou de 2,59 para 3,77% no comparativo semanal.
- No mercado externo
Os embarques de carne bovina in natura do primeiro bimestre deste ano contabilizaram um volume total de 217,90 mil toneladas, um avanço de 10,16% ante o mesmo período de 2018.
Entretanto, o preço médio por tonelada recuou, o que fez com que a receita total obtida fosse de US$ 817,20 milhões, queda de 0,23% no mesmo comparativo.
Uma situação similar aconteceu com a carne suína no mesmo período, quando o volume exportado cresceu 5,52%, para 87,80 mil toneladas, e a receita caiu 2,45%, para US$ 174,60 milhões.
Já as exportações de frango in natura acumularam um volume de 550,50 mil toneladas no acumulado até fevereiro, volume esse 7,75% menor que o embarcado no mesmo período do último ano. Quanto a receita, a queda foi de 5,13%, para US$ 869,60 milhões.
As expectativas para os embarques de carne bovina no decorrer deste mês são positivas, posto que nos quatro primeiros dias úteis enviadas 39,10 mil toneladas ao exterior, contabilizando uma receita de US$ 146,51 milhões.
Para mais detalhes sobre as exportações de carne bovina no primeiro bimestre de 2019 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.
- O destaque da semana (e do mês)
Ao longo da última semana o indicador do boi gordo (Esalq/BM&F) passou de R$ 151,35 para R$ 152,20/@, um avanço de 0,56%. Em março, a alta acumulada é de 1,43%.
Nas últimas semanas, o indicador tem apresentado volatilidade reduzida, como vinha acontecendo nos dois primeiros meses deste ano.
Assim, o mercado futuro segue a tendência e consegue precificar mais seguramente os vencimentos de curto prazo, de acordo com a tendência da arroba e a conjuntura prevista para o mercado pecuário.
Os contratos futuros também registraram avanços na última semana. O vencimento mais curto (março) subiu 0,46% e fechou a sexta-feira (15) a R$ 153,25/@.
- E o que está no radar?
Os avanços da arroba nas últimas semanas aumentaram, na maioria das praças, a relação de troca do boi gordo por bezerro entre fevereiro e março (parcial até dia 13).
Em São Paulo, por exemplo, o número de bezerros comprados com um boi gordo passou de 2,24 para 2,30, mesmo patamar de novembro/18. Já em Goiás, a troca está em 2,22, maior patamar dos últimos 14 meses.
A procura por animais de reposição pode se aquecer conforme a final da safra de capim se aproxima, se o movimento se confirmar, a relação de troca do boi gordo por categorias de reposição pode passar por ajustes.
O pecuarista deve ficar atento à aquisição dos animais do próximo ciclo!
Um abraço e até a próxima semana!