Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
O feriado de carnaval diminuiu o número de negócios realizados no mercado físico, dificultando a originação de animais por parte da indústria e dando firmeza às cotações ao longo dos últimos dias.
Além disso, em algumas praças pecuárias, o grande volume de chuvas registrado nas últimas semanas dificultou o transporte de animais, impossibilitando o trânsito de caminhões de boi. Situação bem diferente do observado no início do ano.
Assim, as escalas de abate encurtaram ainda mais e os preços devem seguir firmes no curto prazo. A média das escalas nas praças levantadas pela Agrifatto fechou a última semana com duração de 4,8 dias.
A sazonalidade do consumo interno de carne bovina permitiu com que os preços no atacado iniciassem uma trajetória altista, mantendo o spread acima de 2,50%.
No mercado externo, as exportações iniciaram março em ritmo acelerado.
O indicador do boi gordo registrou avanço de 1,0% desde o início deste mês, fechando a última semana cotado em R$ 151,55/@.
- Na tela da B3
Os contratos futuros se valorizaram ao longo de março. Até o dia 08, o vencimento mais curto (março/19) havia se valorizado 0,20%, fechando a semana a R$ 152,55/@.
O contrato para maio/19, no mesmo período, subiu 0,56% e encerrou a sexta-feira (08) em R$ 151,30/@. Este contrato é o que apresenta maior liquidez atualmente.
O vencimento mais longo de maior liquidez é outubro/19, que avançou 0,26% neste mês e fechou a semana cotado em R$ 157,10/@.
O avanço das cotações no mercado futuro torna mais atrativa a aquisição de seguro de preços.
Por exemplo, na segunda-feira (11), era possível adquirir PUT para maio com strike em R$ 149,00 por R$ 0,65/@. Há 10 dias, o custo da mesma operação estava acima de R$ 1,00/@.
- Enquanto isso, no atacado…
As carnes bovina e de frango iniciaram março seguindo a sazonalidade, isto é, avançando. Já a carne suína, que avançou 13,2% em fevereiro, recuou no mesmo comparativo.
A carcaça casada bovina registrou um avanço de 0,68% no comparativo semanal, e encerrou a sexta-feira (08) cotada em R$ 10,37/kg.
O frango resfriado subiu 1,06% e fechou a semana cotado em R$ 4,29/kg. Na contramão das outras proteínas, a carcaça suína especial recuou 0,73% no mesmo comparativo, devolvendo parcialmente os ganhos de fevereiro, e fechou cotada em R$ 6,09/kg.
No acumulado de 2019, as carnes bovina, de frango e suína variaram -2,63, 0,82 e -3,18%, respectivamente.
O spread (diferença de preços) entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo segue trabalhando em campo positivo – e assim deve permanecer. Na última sexta-feira (08), estava em 2,59%.
Ao longo desta semana, as carnes devem registrar avanços no atacado, posto o maior escoamento neste período do mês.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques dos quatro primeiros dias úteis de março/19, contabilizaram um volume total de 39,10 mil toneladas e uma receita de US$ 146,51 milhões.
A média diária registrada foi de 9,77 mil toneladas, avanço de 69,27% em relação ao mês anterior e alta de 69,15% frente à média diária do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada foi de US$ 3.748,42, ligeira queda de 0,13% em relação a fevereiro/19 e recuo de 5,50% quando comparado com o valor médio de fevereiro/18.
O fato é que as exportações iniciam este mês aquecidas, e se o ritmo atual for mantido, poderão totalizar 190 mil toneladas embarcadas no período, o que representaria alta de 55% em relação a março/18.
Para maiores detalhes sobre as exportações ao longo de 2018 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.
- O destaque da semana:
O feriado de carnaval retirou muitos pecuaristas do mercado, dificultando a aquisição de animais terminados por parte da indústria.
A situação foi agravada em regiões em que os grandes volumes de chuva prejudicaram as estradas, limitando (ou inviabilizando) o trânsito de caminhões.
Assim, as escalas ficaram ainda mais curtas, e iniciaram esta semana em 3,9 dias. Em São Paulo e Goiás, estão próximas a 5 dias. Já no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, se aproximam de 4 dias úteis.
A oferta de animais terminados segue limitada, dando sustentação aos preços no curto prazo. Enquanto o indicador do boi gordo ficou em R$ 151,55/@ na sexta-feira (08), o contrato futuro para março fechou em R$ 152,20/@, precificando o clima mais otimista e uma possível alta no decorrer do mês.
- E o que está no radar?
A falta de chuvas em dezembro e janeiro prejudicou o andamento da engorda de animais a pasto. Entretanto, os bons volumes de fevereiro viabilizaram uma melhor oferta de pastagens e, consequentemente, a retomada da engorda.
A distribuição dos abates dos animais a pasto nos diferentes meses foi prejudicada e, possivelmente, deve haver uma concentração da oferta de animais no final da safra, a partir do início da estiagem, estimado para maio/junho.
Um abraço e até a próxima semana!