Análise semanal sobre o mercado do boi
Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Sem alterações conjunturais, o mercado físico seguiu firme ao longo da última semana.
De um lado, os frigoríficos tentaram segurar as indicações da arroba e continuam trabalhando com as escalas curtas, na expectativa de relação de oferta e demanda mais folgada.
Na ponta vendedora, o período seco comprometeu o potencial de engorda, limitando a oferta de animais terminados via pasto neste momento.
Nas praças levantadas pela Agrifatto, a cotação da arroba se valorizou em 4 (quatro) delas, se manteve estável em 1 (uma) e recuou em 2 (duas). Na média dos estados, o avanço semanal das cotações a prazo foi de 0,18%.
As escalas de abate, que iniciaram a semana em 4,4 dias, aumentaram para 6,4 dias na sexta-feira. Apesar do reajuste ao longo da semana, as programações ainda estão relativamente curtas, dando firmeza aos preços no curto prazo.
A liquidação do contrato futuro para fevereiro foi em R$ 151,10/@.
- Na tela da B3
Com a virada do mês, o contrato de março torna-se o vencimento mais curto, e a sua liquidez deve aumentar. Na última semana de fevereiro, foram negociados 957 contratos.
No comparativo semanal, o vencimento março (BGIJ19) avançou 0,96% e fechou fevereiro a R$ 152,45/@. A diferença entre o indicador do boi gordo e deste contrato estava em R$ 2,25/@ no final da última semana.
O vencimento para maio (BGIK19), no mesmo período, subiu 0,37% e fechou fevereiro em R$ 150,65/@. No acumulado de 2019, este contrato recuou 1,12%.
Já o contrato futuro para outubro (BGIV19), que normalmente precifica o “pico” da entressafra, fechou fevereiro sendo negociado a R$ 156,60/@, registrando um avanço semanal de 0,26%.
Os avanços dos contratos futuros melhoram as condições de venda. E o preço da PUT para maio com strike em R$ 148,00/@ recuou e fechou fevereiro cotada próxima a R$ 1,00/@.
- Enquanto isso, no atacado…
Após uma retração ao longo de janeiro, impulsionada pelo consumo menor (período de sazonal elevação dos gastos), as carnes do atacado avançaram em fevereiro com a retomada da demanda.
No acumulado do último mês, as carnes bovina, de frango e suína avançaram 2,98, 4,30 e 13,19%, respectivamente.
O movimento sazonal de queda dos preços na segunda metade do mês aconteceu para a carne bovina e de frango, que recuaram 0,62 e 0,93%. Já a carne suína seguiu trajetória de alta, avançando 0,25% a partir do dia 15.
A carcaça casada bovina encerrou fevereiro cotada a R$ 10,36 por quilo, praticamente estável no comparativo semanal.
A carne de frango resfriada recuou 0,93% na última semana, fechando o mês em R$ 4,25/kg. Já a carne suína fechou em R$ 6,14/kg, queda de 0,49% no comparativo semanal.
O spread (diferença de preços) entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo segue trabalhando em campo positivo ao longo de fevereiro (média de 2,95%). Na última quinta-feira (28), estava em 3,46%.
As carnes devem avançar no curto prazo, impulsionada pelo maior escoamento do atacado, devido ao feriado de carnaval e o pagamento de salários no início deste mês.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques de fevereiro/19 contabilizaram um volume total de 115,46 mil toneladas e uma receita de US$ 433,33 milhões.
A média diária registrada foi de 5,77 mil toneladas, avanço de 24,0% em relação ao mês anterior e alta de 5,6% frente à média diária do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada foi de US$ 3.753,19, avanço de 0,13% em relação a janeiro/19 e queda de 6,18% quando comparado com fevereiro/18.
O volume foi o maior já exportado no período, superando 2007, quando foram embarcadas 115,40 mil toneladas em fevereiro.
Para mais detalhes sobre as exportações ao longo de 2018 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.
- O destaque da semana (e de 2019):
O indicador do boi gordo (Esalq/BM&F) tem apresentado grande volatilidade ao longo de deste ano. Em fevereiro, a referência variou R$ 4,25/@, com fechamentos entre R$ 148,50 e R$ 152,75/@.
Já o contrato futuro para fevereiro variou entre R$ 150,75 e R$ 152,25/@, tendo um delta de R$ 1,50/@.
Mas a metodologia do indicador do boi gordo passará por alterações, e geram expectativas para os novos lançamentos a partir de março.
- E o que está no radar?
Na última semana de fevereiro, os contratos futuros avançaram. Além disso, o aumento do consumo sazonal somado a uma maior necessidade das indústrias podem permitir novos avanços no mercado físico.
As altas no balcão podem contagiar os contratos mais longos da B3 e, se isso se concretizar, pecuaristas terão melhores condições de negociar as vendas futuras, tanto no mercado futuro quanto via compra de opções (PUT).
Um abraço e até a próxima semana!