Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

 Ao longo da última semana, na queda de braço entre a demanda fraca e a oferta restrita de animais terminados, venceu o ponta vendedora, embora com pouca vantagem.

As chuvas, que foram escassas entre dezembro e janeiro, voltaram ao longo deste mês e permitem ao pecuarista gerir melhor a entrega de animais para o frigorífico.

Nas praças levantadas pela Agrifatto, a cotação da arroba se valorizou em 5 (cinco) delas, e se manteve estável em 3 (três). Na média dos estados, o avanço semanal foi de 0,45%.

As escalas de abate média ficaram próximas a 6,0 dias, evidenciando a dificuldade da indústria em originar animais e dificultando possíveis recuos da arroba na próxima semana.

 

  1. Na tela da B3

Apesar de escalas curtas em São Paulo, os contratos futuros com vencimento em fevereiro e maio/19, que haviam avançado 0,40% na penúltima semana, melhorando as oportunidades de hedge, agora devolvem os ganhos em maior intensidade.

Na última semana, o vencimento para fevereiro/19 recuou 0,53%, com último negócio da semana em R$ 151,45/@. Não houve negociação para o contrato nesta sexta-feira (22/02).

Já o vencimento maio/19, no mesmo comparativo, caiu 0,73% e encerrou a sexta-feira (22/02) em R$ 150,10/@. Desde o início do mês, tanto o vencimento fevereiro quanto o maio recuaram 0,03%.

O vencimento outubro/19, que não foi negociado na quinta-feira (21), fechou a semana com queda de 0,64%, em R$ 156,00/@.

O contrato de maio, no final da última semana, teve o menor fechamento desde o início de fevereiro e testou, mas mão conseguiu perder o suporte em R$ 150,05/@ (31/jan).

A opção de venda (PUT) para maio com strike em R$ 148,00/@ foi negociada próxima a R$ 1,17/@ na sexta-feira (22).

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Os preços das principais carnes no atacado costumam respeitar sazonalidade no atacado. Em condições normais, os valores tornam-se mais firmes na primeira quinzena de cada mês, quando há um escoamento maior, e recuam na metade final.

Considerando a segunda metade de fevereiro, apenas a carne bovina tem respeitado a sazonalidade.

As carnes de frango e suína, ao longo da última semana, avançaram 3,63% e 5,03% e estão cotadas em R$ 4,29/kg e R$ 6,17/kg, respectivamente.

O motivo da firmeza é o fortalecimento da demanda de proteínas de menor valor agregado no mercado interno, bem como om ritmo de exportação.

Já a carcaça casada bovina recuou 0,10% no comparativo semanal, impulsionada pela queda do traseiro. A carcaça casada encerrou a sexta-feira (22) em R$ 10,36/kg.

O feriado de carnaval e a proximidade do início de um novo mês podem acelerar as compras de carne bovina na próxima semana, fortalecendo os preços do atacado.

O spread (diferença de preços) entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo segue trabalhando em campo positivo, e tem variado conforme os fechamentos do indicador do boi gordo, encerrando a última sexta-feira (22) em 3,61%.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques dos 11 (onze) primeiros dias úteis de fevereiro/18 contabilizaram um volume total de 74,7 mil toneladas.

A média diária registrada foi de 6,79 mil toneladas, avanço de 45,9% em relação a janeiro/19 e de 24,2% em relação a fevereiro/18.

A receita média por tonelada foi de US$ 3.783,56, um faturamento de US$ 282,64 milhões no período. Em janeiro/19 e fevereiro/18, as receitas médias foram de US$ 3.748,40 e US$ 4.000,50/ton, respectivamente.

Se a média diária do volume exportado nos primeiros dias se repetir, projeta-se que em fevereiro serão embarcadas 135,82 mil toneladas (20 dias úteis), um possível avanço de 38% ante o volume embarcado em fev/18.

As exportações representam aproximadamente 20% do volume de carne bovina produzido no Brasil. Pode parecer pouco, mas têm um papel importante no escoamento de carne bovina e sustentação de preços no mercado interno. A retomada dos embarques para a Rússia pode fortalecer essa relação.

Para mais detalhes sobre as exportações ao longo de 2018 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.

 

  1. O destaque da semana:

A retomada das chuvas no Centro-Sul melhorou a capacidade de suporte das pastagens, permitindo a retomada da engorda e, no caso de animais em fase de terminação (a pasto), viabilizando um maior poder de barganha com os frigoríficos.

O indicador do boi gordo (Esalq/BM&F) diminuiu a volatilidade apresentada nas últimas semanas, porém fechou abaixo dos preços praticados no mercado futuro para o vencimento mais próximo (fevereiro/19).

Enquanto o indicador variou entre R$ 149,65 e R$ 151,30/@ na última semana, o preço médio dos fechamentos em bolsa, para o mesmo período, ficou em R$ 151,74/@. Os preços no mercado físico e futuro tendem a se convergir conforme a data de liquidação se aproxima.

 

  1. E o que está no radar?

Na B3, para a liquidação do contrato futuro de fevereiro, serão utilizados os fechamentos do boi gordo entre 22 e 28/fev. Os investidores e pecuaristas que tem posição em bolsa, tanto via futuros quanto opções, devem ficar atentos à média das cotações dos últimos 5 dias úteis do mês.

Na última sexta-feira (22), o indicador Esalq/BM&F ficou em R$ 149,70/@.

A volta das chuvas nas principais praças pecuárias do país permite a retomada da engorda de animais a pasto. Entretanto, os veranicos retardaram esse processo, o que pode reduzir a oferta de animais terminados no curto prazo e gerar um volume maior de animais no final da safra, quando a pluviosidade voltar a cair – possivelmente, a partir de abril e maio.

No mercado futuro, os vencimentos dos próximos meses desenham uma curva flat, isto é, com pouca variação. Os contratos de fevereiro e maio, por exemplo, encerraram a última semana com uma diferença de R$ -1,35/@.

Caso esse cenário de concentração de oferta se confirme, o vencimento maio/19 pode passar por ajustes.

Um abraço e até a próxima semana!