Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

A cotação da arroba seguiu firme ao longo da última semana em todas as praças levantadas pela Agrifatto. As variações, ainda que leves, foram positivas em 6 (seis) estados e ficaram estáveis em apenas 2 (dois).

A indústria segue trabalhando com escalas de abate curtas. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, atendem aproximadamente 6 (seis) dias úteis. Na última sexta-feira (15), a média dos estados estava em 5,9 dias, recuo de 4,8% ante o mesmo período de 2018.

No atacado, um fôlego do consumo na primeira metade do mês impulsionou as cotações das três principais proteínas. O destaque fica para a carne suína, que avançou 7,71% na última semana.

Ao mesmo tempo em que a demanda interna se recupera a passos lentos, a oferta de animais terminados segue restrita devido aos prejuízos causados pela falta de chuvas nas principais praças pecuárias.

 

  1. Na tela da B3

Ao longo da última semana, os contratos futuros para fevereiro e maio subiram 0,40%, em média. No acumulado do mês, o avanço foi mais intenso para o vencimento de maio, que ganhou 0,77% nos últimos 15 dias. No mesmo período, o contrato de fevereiro registrou alta de 0,17%.

Já o vencimento para outubro, que não foi negociado na segunda e na quarta-feira da semana passada, fechou em R$ 156,50/@, acumulando alta de 0,26% desde o início do ano.

A valorização dos contratos nas últimas semanas é positiva para a gestão de riscos, com oportunidades aos pecuaristas tanto via mercado futuro, quanto via opções (seguro de preços).

Por exemplo, o custo da PUT para maio com strike em R$ 148,00/@, passou de R$ 1,16 para negócios em até R$ 0,84/@ na comparação semanal.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Nos 15 (quinze) primeiros dias de fevereiro, as três principais proteínas recuperaram valor no atacado. A carne bovina, de frango e suína avançaram, respectivamente, 3,03%, 1,60% e 8,30% na primeira metade do mês.

A última semana também foi de valorização, mas em menor intensidade.

A carcaça casada bovina subiu 0,93% em 7 (sete) dias e fechou a sexta-feira cotada em R$ 10,37/kg.

Já o preço do frango resfriado registrou alta mais tímida no mesmo período, de 0,12%, e fechou em R$ 4,14/kg.

A carcaça suína especial passou de R$ 5,45/kg para R$ 5,87/kg em uma semana, uma alta de 7,71% no período.

O spread (diferença de preços) entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo, após trabalhar no campo negativo na segunda metade de janeiro, voltou ao campo positivo em fevereiro e assim deve permanecer, pelo menos até o final deste mês.

Na última sexta-feira (14), o spread estava em +3,89%.

O número de desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), passou de 13,7 para 12,2 milhões entre o 1º e 4º trimestre de 2018. O recuo do desemprego ajuda a recuperar o consumo per capita de carne bovina no Brasil, mas como o indicador permanece historicamente bem acima da média, é necessário que o movimento continue para que de fato haja recuperação do índice.

A recuperação da economia segue a passos lentos e ainda aguarda possíveis sinais do atual governo para maiores investimentos do setor privado, como é o caso de uma possível aprovação da Reforma da Previdência e abatimento parcial da dívida, reduzindo gastos com os juros.

 

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques dos 6 (seis) primeiros dias úteis de fevereiro/18 contabilizaram um volume total de 42,8 mil toneladas.

A média diária registrada foi de 7,14 mil toneladas, avanço de 53,26% em relação a janeiro/19 e de 30,54% em relação à média diária referente a fevereiro/18.

A receita média por tonelada foi de US$ 3.714,87, gerando um faturamento de US$ 159,05 milhões no período. Em janeiro/19 e fevereiro/18, as receitas médias foram de US$ 3.748,40 e US$ 4.000,50/ton, respectivamente.

Se a média diária do volume exportado nos primeiros dias se repetir, projeta-se que em fevereiro serão embarcadas 142,71 mil toneladas (20 dias úteis), um possível avanço de 45% ante o volume embarcado em fev/18.

A Rússia, que havia suspendido as importações brasileiras de carne bovina e suína no final de 2017, retirou o embargo em novembro do ano passado e em janeiro/19 já configurou como o 9º principal destino, importando 2,88 mil toneladas de carne bovina in natura, um avanço de 10.228,5% ante janeiro/18.

Para mais detalhes sobre as exportações ao longo de 2018 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.

 

  1. O destaque da semana:

O indicador do boi gordo (Esalq/BM&F) continua volátil. Apenas na última semana, o indicador apresentou fechamentos em R$ 148,50 e R$ 151,60/@. Os preços máximos variaram ainda mais, entre R$ 150,36 e R$ 158,66/@. O motivo pode ser um número menor de negócios/informantes.

Entretanto, isso não intimidou o mercado futuro. O contrato para fevereiro avançou a R$ 0,60/@ na semana. E, considerando que as cotações tendem a se convergir com o mercado futuro pela aproximação do final do mês, o indicador CEPEA pode se valorizar e buscar a curva futura.

As indústrias têm conseguido trabalhar com as escalas mais curtas sem aumentar significativamente as indicações de compra.

 

  1. E o que está no radar?

Na semana passada, o Centro de Previsão Climática do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) confirmou que o El Niño já está caracterizado e terá diferentes impactos regionais nos próximos meses.

No Brasil, grandes volumes de chuvas se concentram na extremidade Sul do país. Além disso, o centro-norte da região Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste contam com temperaturas acima da média. Já o extremo Norte do país apresenta clima mais seco que a média histórica.

Para esta semana, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), chuvas acima de 150mm devem acontecer nas principais praças pecuárias do Brasil Central, favorecendo o processo de recuperação das pastagens que foi interrompido em algumas regiões devido à ocorrência de veranicos.

A valorização dos contratos em bolsa oferece oportunidades de travas ao pecuarista. Para maio, no comparativo entre fechamento do mês em 2018 e contrato futuro de 2019, há uma valorização de aproximadamente R$ 10,00 por arroba, ou 7,0%. A taxa ainda não é suficiente para compensar a valorização do IGP-DI, mas indica um processo de correção para os preços do boi gordo no período.

Um abraço e até a próxima semana!