Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
O aumento sazonal do consumo de carne bovina na primeira quinzena de cada mês permitiu o avanço das três principais proteínas animais no atacado, fazendo com que o spread (diferença de preços entre a carne bovina e a arroba do boi gordo) da indústria voltasse ao campo positivo.
As chuvas, que ficaram abaixo da média histórica no Brasil Central entre dezembro e janeiro, limitaram a oferta de pastagem, o que pode tornar tardia a terminação de animais a pasto durante a safra presente.
A oferta limitada de boiadas prontas permitiu firmeza no mercado físico ao longo da última semana – com pequenas e pontuais variações regionais dependendo das escalas de abates.
- Na tela da B3
Após a média dos contratos futuros do boi gordo para fevereiro, maio e outubro recuar 0,65% ao longo de janeiro, os últimos pregões corrigiram essa diferença.
O contrato para fevereiro caiu 0,23% e fechou a sexta-feira (08) cotado em R$ 151,15/@. Desde o início do ano, a variação acumulada está em -0,56%.
Já os vencimentos para maio e outubro valorizaram-se desde o início deste mês.
O contrato para maio avançou 0,37% em fevereiro e fechou a semana em R$ 150,70/@. E o vencimento para outubro subiu 0,58 p.p. no mesmo período, R$ 157,00/@.
A falta de chuva nas principais praças pecuárias nos últimos meses aproximou a diferença de preços entre os contratos, posto que a entrega de animais à indústria não deve acontecer de forma tão coordenada.
E assim, a valorização desses vencimentos oferece condições para operações financeiras, como contratos futuros ou mercado de opções.
- Enquanto isso, no atacado…
Ao longo de janeiro, o menor poder aquisitivo da população após as festas de final de ano pressionou para baixo o valor das proteínas animais no atacado.
Com recuo para a carne bovina, de frango e suína em 5,40%, 4,35% e 12,88%, respectivamente, ao longo do último mês, mas já exibem recuperação neste início fevereiro.
Na última semana, o frango resfriado subiu 1,47%, e está cotado em R$ 4,13/kg. No mesmo período, a carcaça especial suína avançou 0,55%, para R$ 5,45/kg. E a carcaça casada bovina avançou 2,09% na semana – cotada em R$ 10,27/kg.
O spread (diferença de preços) entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo, que tinha passado a trabalhar em campo negativo na segunda metade de janeiro, voltou ao campo positivo neste mês. Na última sexta-feira (08), o spread estava em 3,32%.
- No mercado externo
O Ministério da Economia divulgará na tarde de hoje (11) as exportações brasileiras referentes aos 6 (seis) primeiros dias úteis de fevereiro.
Na comparação ano-a-ano, janeiro apresentou alta para o volume embarcado de carne bovina, enquanto as exportações de frango e de carne suína recuaram.
As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques de janeiro/19 contabilizaram um volume total de 102,43 mil toneladas e uma receita de US$ 382,95 milhões, avanço de 2,99% ante o volume embarcado no mesmo período de 2018.
Já as exportações de frango in natura atingiram 260,7 mil toneladas, recuo de 14,7% quando comparado com janeiro/18. O faturamento do mês foi de US$ 84 milhões.
Os embarques de carne suína in natura somaram 41,9 mil toneladas em janeiro, volume 7,7% menor que o registrado no mesmo o mesmo período do ano passado. A receita obtida foi de US$ 407,5 milhões.
A China vem enfrentando surtos de peste suína africana e deve passar por uma redução representativa do seu rebanho de suínos ao longo deste e do próximo ano. Até o momento, os números oficiais mostram aproximadamente 1 milhão de animais mortos e/ou sacrificados.
Para mais detalhes sobre as exportações ao longo de 2018 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.
- O destaque da semana:
Ao longo da última semana, as escalas de abate continuaram nos menores patamares desde a 2ª semana de setembro/18.
Na média das praças pesquisadas pela Agrifatto, quando se compara as duas últimas sextas-feiras (01 e 08/fev), a programações de abate permaneceram estáveis, com média em 5,7 dias.
Em São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, atendem entre 5,8 e 6,6 dias, dando firmeza às cotações.
Mas mesmo com a oferta de animais restrita, as indústrias vêm conseguindo administrar bem as indicações da arroba, que variaram menos de 1% na última semana. Em São Paulo, por exemplo, a arroba à vista (e para descontar impostos) fechou a sexta-feira (08) a R$ 153,63 – alta de 0,35% no comparativo semanal.
- E o que está no radar…
O volume de precipitação abaixo da média do Brasil Central nos últimos 10 anos entre dezembro/18 e janeiro/19 dificulta o ganho de peso a pasto no momento e, por consequência, aproximou os preços do período de safra no mercado futuro, deixando a curva flat.
Para se ter ideia da magnitude do veranico, no Mato Grosso do Sul, os volumes médios de chuva registrados pelas estações meteorológicas entre dezembro e janeiro foram 55,6 e 43,3% inferiores que a média histórica. Já no Mato Grosso, o recuo foi de aproximadamente 40% no mesmo período.
Segundo climatologistas, as chuvas podem se ampliar a partir da segunda metade do fevereiro.
Entretanto, o estrago está feito e uma demanda maior por suplementação deverá ocorrer. A Agrifatto acredita em um crescimento de 5 a 7% no número de animais confinados, que poderá levar o contingente a um recorde de 5,3 milhões de cabeças.
Um abraço e até a próxima semana!