Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

Na ausência de novidades, o mercado ficou mais calmo na última semana, especialmente as cotações no mercado físico brasileiro.

A posição defensiva de vendedores mantém a liquidez limitada no spot, impedindo acomodações mais expressivas dos preços das matérias-primas.

Para o milho, outros fatores de precificação se mostraram menores, como os prêmios nos portos que caíram nos últimos 30 dias (no porto de Santos/SP, o prêmio do milho passou de US$ 0,30 para US$ 0,24/bushel), e combinado com o dólar no menor patamar em 5 meses, o valor de paridade também foi alterado para baixo.

Além disso, o Departamento de Agricultura dos EUA subiu em 1% as áreas de milho e de soja em boas/excelentes condições (o último relatório registra 58% das áreas de milho e 54% com soja).

O mercado continuará atento ao relatório de acompanhamento das lavouras, já que novos aumentos das áreas em excelentes e boas condições podem diminuir as cotações futuras em Chicago.

Para a soja, além da volatilidade pelo período de indefinição climática para a safra norte-americana, rumores de que a China havia comprado grandes volumes do grão norte-americano pressionou positivamente os preços em Chicago, entretanto nada foi confirmado por enquanto.

 

  1. Mercado futuro na tela

Os futuros perderam força na última semana, com os contratos de milho na B3 caindo levemente na última semana.

O vencimento para setembro/19 caiu 0,87% na última semana, fechando a saca no pregão da sexta-feira (19/jul) em R$ 37,42 – a parcial fica 5,86% abaixo do maior fechamento registrado para este contrato, em R$ 39,75/sc no dia 17 de junho/19.

O novembro/19 mostrou movimentação similar, mas a queda aconteceu com intensidade maior, o recuo de 1,38% trouxe a última parcial para R$ 39,31/sc (19/jul) – distante 4,36% da máxima em R$ 41,10/sc (também alcançada no dia 17 de jun/19).

Além disso, o volume de contratos negociados diminuiu nos últimos dias, indicando que as incertezas afastam participantes do mercado.

Na última semana, o contrato de julho/19 foi liquidado pela média das últimas 3 cotações do CEPEA, a liquidação ficou em R$ 37,12/sc.

Já os contratos de soja em Chicago subiram com taxa acima de 2% na última sexta-feira (19), a escalada dos preços aconteceu pelo rumor de que a China comprou novos lotes de soja dos EUA, com isso, todos os contratos fecharam acima de US$ 9,00/bushel.

  1. Enquanto isso, no físico…

Com a expectativa de novas valorizações para os grãos, a ponta vendedora continua em posição defensiva, e a resistência em aceitar preços menores mantêm as cotações sustentadas no mercado spot

Para o milho, o recuo do dólar e a queda dos prêmios nos portos (passando de US$ 0,30 para US$ 0,24/bushel nos últimos 30 dias), reduziu a paridade do cereal, retirando parte da pressão altista das últimas semanas (apesar da colheita de uma safrinha com produção acima de 72 milhões de toneladas – CONAB).

E assim, a saca de milho subiu 0,91% em Sorriso/MT (R$ 23,30/sc), e avançou 1,25% em Rio Verde/GO (R$ 29,55/sc). Já a referência de Campinas caiu 0,86% e registrou última parcial em R$ 36,88/sc.

Com relação a colheita da 2º safra, o Departamento de Economia Rural (Deral) divulgou que os trabalhos no Paraná atingiram 58% da área prevista. No Mato Grosso a proporção retirada dos campos está em 76,16% (Imea).

Para a soja, a queda de braço entre os participantes também enxugou a liquidez, especialmente com as incertezas sobre a safra norte-americana.

A maior parte da soja já foi comercializada no Brasil, e assim, os produtores seguem esperando para finalizar novos lotes com valores superiores ao que vem sido oferecido pelos compradores.

Mas a variação negativa para o dólar acomodou os preços da oleaginosa na última semana, caindo 1,95% em Paranaguá/PR (R$ 77,60/sc), e queda de 1,80% em Rio Verde/GO (67,70/sc).

 

  1. No mercado externo

O Ministério da Economia divulgou os dados das exportações até a terceira semana de julho (15 dias úteis).

O país embarcou 5,73 milhões de toneladas de soja no período, registrando média diária de 382,33 mil toneladas. Queda de 19,90% do ritmo diário de embarques em relação ao mês anterior, além de recuo de 17,52% frente a média diária do mesmo período em 2018.

O valor médio por tonelada ficou em US$ 357,24 – alta de 4,37% em relação ao preço médio do mês anterior, e recuo de 10,7 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado.

Os embarques com o milho somaram 3,75 mil toneladas, com média de 250,28 mil toneladas. O desempenho registra uma impressionante alta de 247% em relação ao mês anterior, além de um avanço de 370% em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor médio negociado ficou em US$ 187,91 por tonelada, queda de 5,45% na comparação mensal, mas valorização de 7,45% na comparação com o mesmo período do ano passado.

 

  1. O destaque da semana

Na última semana, destaca-se a desvalorização do dólar ante ao real. Na última quinta-feira (18/jul), a moeda norte-americana atingiu a mínima recente em R$ 3,729, trata-se do menor valor desde o final de fevereiro/19.

Além disso, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgou que até o dia 11 de julho foram exportadas 127.900 toneladas de soja da safra 2018/19. Queda de 3% ante a semana anterior e recuo de 68% ante a média das quatro semanas anteriores.

O mesmo foi divulgado para o milho, com exportação de 200 mil toneladas do cereal da safra 2018/19, baixa de 60% frente o volume da semana anterior, e queda de 21% em relação as quatro semanas anteriores.

 

  1. E o que está no radar…

O clima nos Estados Unidos continuará como ponto fundamental na precificação das commodities, e a expectativa de melhores condições ao desenvolvimento das culturas adiciona a possibilidade de recuperação do potencial produtivo das lavouras.

Além disso, o período de polinização do milho já se aproxima, mantendo o mercado climático e a volatilidade em alta nas próximas semanas.