Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

Na última terça-feira (03/07) foi divulgado relatório sobre as perspectivas agrícolas entre 2018 e 2027. O documento foi elaborado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A expectativa é de que a produção mundial de carnes avance 15% até 2027, com a China subindo 30% a sua demanda por alimentos.

Além disso, espera-se ampliação do consumo de 31% na Índia, 29% no Oriente Médio / norte da África e com o Brasil subindo seu consumo em 25% (gráfico 1).

Na média, o consumo mundial deverá avançar 15%, especialmente pelo crescimento populacional, já que o consumo per capita deverá subir em menor intensidade, próximo a 3% em média.

A exceção fica para a China e para a Índia, com estes países aumentando o consumo per capita em 13% e 12%, respectivamente.

Os países em desenvolvimento deverão exibir evolução do consumo per capita mais lento, pelo menor poder aquisitivo, alteração de hábitos alimentares (proteína é obtida de fontes sem carne) e devido aos gargalos logísticos (ex: transporte deficitário de cargas refrigeradas).

O documento também destaca o aprimoramento da produtividade, com a área se expandindo em menor intensidade.

O gráfico 2 demonstra a variação esperada para cada região. O eixo horizontal indica a variação na utilização da área com pastagens, enquanto que o eixo vertical aponta para a variação da produção de carne bovina.

A Ásia e as Américas deverão responder pelas maiores variações positivas de produção da carne bovina.

E considerando a Ásia como o principal demandante mundial, ficará a cargo do Brasil, Argentina e Uruguai (na América do Sul) e dos EUA (na América do Norte) suprir a crescente demanda mundial.

Ademais, as áreas cultivadas que aumentaram 10% entre 1960 e 1990, deverão ficar praticamente estabilizadas na próxima década. Refletindo a aplicação de tecnologias de engorda e confirmando a tendência de sistemas de produção intensivos.

O protagonismo do Brasil também se confirma pela estimativa da balança comercial. Para tanto, o documento considera além de outros fatores, a geografia, o clima e vantagens competitivas.

Os países com rápido crescimento, alta densidade populacional e condições naturais menos favoráveis, tendem a ser importadores, com a balança comercial negativa.

Além disso, espera-se queda nos próximos 10 anos para o volume negociado no mercado internacional.

A comercialização de carne bovina após subir 3% na última década, deve desacelerar para metade, em torno de 1,5% a cada ano. Logo, com a expectativa de produtividade mais alta com o ritmo de comercialização global mais lento, gera-se um cenário de queda para os preços reais das commodities comercializadas (gráfico 4).

As perspectivas de preços para os grãos têm um intervalo maior entre as máximas e as mínimas em relação as proteínas vivas, por envolver um risco climático maior.

De todo modo os preços internacionais deverão registrar tendência negativa para a próxima década, mas o aumento do volume a ser exportado pelo Brasil (que junto com os EUA devem responder a 45% das exportações de proteína animal), continuarão mantendo a balança comercial positiva.