Países agrícolas exportadores elevaram a pressão sobre a China na Organização Mundial do Comércio (OMC), reclamando de ações de Pequim relacionadas ao covid-19 que afetam o comércio de produtos agrícolas.
O Canadá foi particularmente incisivo, com apoio do Brasil, Austrália, México, Paraguai, EUA e Reino Unido, segundo fontes que acompanharam reunião do Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS, na sigla em inglês).
A China suspendeu importações de frigoríficos onde casos de covid-19 foram relatados, exige testes para a entrada de alimentos no seu mercado, as rejeições de produtos nos portos chineses têm aumentado quando testes de ácido nucléico (para detectar vírus ou bactéria) são positivos.
Os exportadores alegam que Pequim vem restringindo de forma injustificada a entrada de produtos agrícolas sem fornecer justificativas com base na ciência. Ainda mais que a FAO, Agência da ONU para Agricultura e Alimentação, informou que “não há evidência até agora de vírus que causa doença respiratória sendo transmitida via alimentos ou pacote de alimentos”.
Para os exportadores, as restrições impostas por Pequim ameaçam a integridade das cadeias de abastecimento global de produtos agrícolas, num cenário em que já há inquietações sobre a manutenção de segurança alimentar.
A delegação chinesa retrucou que apenas está protegendo a vida das pessoas. E que as medidas provisórias que adotou tem base científica e são compatíveis com as regras da OMC.
Por sua vez, o Brasil reclamou que as Filipinas proibiram a importação de frango brasileiro por causa de covid-19, na esteira precisamente de detecção de traços do novo coronavírus no produto importado do Brasil pela China.
O representante de Filipinas respondeu que, embora as indicações sejam de que a transmissão do covid-19 por alimento seja muito baixa, o fato é que não se pode excluir que uma pessoa possa ser infectada tocando uma superfície ou objetivo contaminada.
O Brasil reclamou também, mais uma vez, de restrições impostas à entrada de carne suína brasileira naquele mercado. Os mexicanos responderam que analisam atualmente os dados obtidos em plantas brasileiras.
O Comitê SPS da OMC examinou na sexta-feira várias outras “preocupações comerciais”, com barreiras sanitárias e fitossanitárias que freiam o comércio agrícola. (Valor Econômico)