Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil embarcou 24,50% a menos de milho em comparação com o mesmo período de 2017, passando de 16 para 12 milhões de toneladas no acumulado dos nove primeiros meses do ano.

Além disso, os embarques neste mês vêm perdendo ritmo. As exportações diárias na primeira semana apontavam para 4,50 milhões de toneladas em outubro, o que representaria avanço de 33% ante set/18.

Agora, a projeção para outubro/18 recua para patamar próximo a 3,50 milhões de toneladas, e deve somar quantidade sensivelmente maior ao que foi enviado no mês anterior.

O fato é que as projeções de exportação foram ajustadas desde o início do ano. Se antes a perspectiva ficava para 30 milhões de toneladas, atualmente, o país não deve embarcar volume superior a 25 milhões de toneladas.

Portanto, se a projeção para outubro se confirmar, deve restar ainda algo próximo a 7 milhões de toneladas a serem enviadas nos dois últimos meses do ano.

E se os trabalhos nos portos obedecerem a sazonalidade histórica, os embarques podem perder um pouco o fôlego nos próximos meses, com 2018 registrando um total entre 20 e 23 milhões de toneladas enviadas ao mercado externo. É importante destacar que o impasse dos fretes pode influenciar essa sazonalidade histórica.

De todo modo, os estoques de passagem, estimados pela CONAB em 13,28 mi de tons, devem se ampliar para proporção entre 15 e 18 milhões de toneladas.

Isso significaria passar de uma projeção inicial de queda de 23% dos estoques iniciais em relação a 2017, para estoques próximos ou até maiores do que o registrado na temporada anterior.

Em outras palavras, a disponibilidade mais confortável da matéria-prima nos próximos meses mantém o equilíbrio em patamares menores. E a chegada do milho da próxima safra de verão reforça a perspectiva de mercado pressionado.

A queda do dólar também colaborou, mas os riscos no cenário internacional devem continuar imprimindo volatilidade à moeda, bem como incertezas no cenário doméstico relativas ao novo governo e sua capacidade de articular reformas.

Os riscos também existem pela especulação climática ao longo desta nova safra e pelo impacto dos fretes sobre os preços em período de colheita (como aconteceu neste ano).

Por fim, as quedas no mercado futuro são atualmente mais comedidas e projetam valores em janeiro e março/19 ao redor de R$ 35,90/sc, praticamente a mesma proporção do atual indicador CEPEA.

Ou seja, comprar uma parte da necessidade de 2019 via bolsa neste momento significa travar a cotação atual para os próximos 6 meses.