Victor Novaes é graduando de Eng. Agronômica pela UNESP e estagiário pela Agrifatto
As exportações de gado vivo iniciaram 2019 em ritmo acelerado. Em janeiro deste ano o Brasil exportou 37,54 mil animais para diferentes países, crescimento de 55% no comparativo ano-a-ano.
Até o momento, foram embarcadas 281,6 mil cabeças, o 4º maior volume de animais exportados para o primeiro semestre, destacando em primeiro lugar o ano de 2014, quando foram exportados 401,37 mil animais durante os primeiros seis meses.
O comércio de gado em pé recuou 27,5% no 1º semestre ante o mesmo período do ano passado. Tal movimento se explica pela queda de 77,3% (239.153 cabeças) no comércio com a Turquia, país responsável por importar 80% de todo gado vivo no primeiro semestre de 2018.
A Turquia enfrenta uma crise financeira em seu país. Além da desvalorização da lira turca frente ao dólar, o país apresentou índices inflacionários em 20% no mês de janeiro deste ano.
Esse movimento baixista nas exportações poderia ter sido ainda mais significativo para o mercado brasileiro. Porém o Brasil avançou em média 255% (211.389 animais) as exportações para os países árabes, destacando o Iraque sob um aumento de 740%, frente ao primeiro semestre do ano passado.
Em 2008, o Brasil conquistou o mercado da Venezuela e foram exportados 3,2 milhões de animais até o ano de 2016, sendo responsável, na média entre 2008 e 2016, por 73% da exportação de gado vivo brasileiro.
Em 2017, a crise econômica do nosso país vizinho se agravou e os embarques foram diminuindo. Neste mesmo ano, a participação da Venezuela recuou para 3% dos embarques brasileiros e no ano seguinte, 2018, atingiram a marca zero.
Atualmente, os principais importadores de gado vivo do Brasil são: Turquia, Egito e Iraque, que foram responsáveis por 25%, 24% e 23%, respectivamente, de toda exportação brasileira no primeiro semestre deste ano. Em 2018, a Turquia importou 70% do total embarcado, ficando próximo de bater o recorde conquistado pela Venezuela em 2011, quando importou 92% do total.
Juntos, os países árabes foram responsáveis por 75% da exportação brasileira de gado em pé em 2019, número superior à média de dos últimos cinco anos, em 42%.
Em abril, após negociações iniciadas em 2014 e visitas de integrantes do Departamento de Saúde Animal da Arábia Saudita, o país realizou a primeira importação de gado brasileiro, quando cerca de 7 mil animais foram adquiridos. Até o momento, foram exportados 11 mil animais para esse novo mercado.
Além da conquista do mercado da saudita neste ano, Brasil assinou acordo com Irã, Cazaquistão e está em negociação com Laos. Também conseguiu em janeiro liberação para exportar para a Malásia, país no qual importa cerca de 90% da carne bovina que consome, segundo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Em um mercado exigente em medidas sanitárias e de bem-estar, as perspectivas para o futuro são favoráveis. Além da capacidade em aumentar a quantidade de bovinos exportados para os países importadores, a abertura de novas divisas tende a crescer cada vez mais.