Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

No primeiro semestre de 2018 o Brasil expandiu sua participação no mercado global de carne bovina, com o faturamento subindo 3,0% no período, somando US$ 2,76 bilhões.

E quando se considera apenas as exportações de carne bovina in natura – 90% de todo o volume exportado nos primeiros seis meses de 2018 – o avanço foi de 2,0% ante o mesmo período de 2017.

Mas vale um destaque, as exportações em junho foram fortemente impactadas pela greve dos caminhoneiros no final de maio, já que as cargas ficaram impedidas de sair da indústria em direção aos portos.

Além disso, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) reconheceu que o sistema de levantamento das exportações está em transição, e que poderia levar a ajustes dos dados.

Ou seja, não se descarta que parte do recuo de junho também pode ter sido causado pelo período de transferência do sistema estatístico, mas contrabalanceado logo no mês seguinte, quando os embarques em julho/18 avançaram impressionantes 140% (gráfico 1).

Deste modo, quando se considera as exportações de janeiro a julho, os embarques se ampliaram 5,75% frente ao mesmo período de 2017.

Aliás, as expectativas seguem positivas para as exportações dos próximos meses, já que sazonalmente os embarques ganham fôlego na segunda metade do ano.

Segundo levantamento histórico, os meses do segundo semestre registram as maiores proporções dos embarques, ao redor de 8,5% do total exportado, com o pico em outubro (concentrando 9,3% das exportações do ano).

Este padrão não foi diferente em 2017, veja pelo gráfico 2 como os embarques foram mais expressivos ao longo do segundo semestre.

Ou seja, se o Brasil já ampliou suas exportações em 5,75% nos 7 primeiros meses de 2018 ante o ano anterior, uma estimativa de avanço dos embarques de 10% neste ano se mostra possível.

E quais seriam as principais oportunidades para o mercado brasileiro nos próximos meses?

No curto prazo existe a expectativa de retorno das importações da Rússia – que respondeu por 10% de todo o volume de carne bovina enviada ao exterior em 2017 (e por 8,0% do faturamento).

Certamente, a volta de um importante consumidor internacional seria positiva para a firmeza dos preços pecuários neste segundo semestre.

Além disso, a tensão comercial entre EUA e China alimenta a expectativa de um vácuo sobre as exportações da carne norte-americana ao país asiático.

Porém, este espaço pode ser mais facilmente preenchido pela Austrália, Argentina ou Uruguai, já que são países reconhecidos por sua qualidade, com potencial de atender o mesmo mercado deixado pelos EUA.

Neste sentido, o Brasil precisa avançar na sua imagem internacional, gerando valor e confiança para atingir mercados mais exigentes. Como por exemplo o Japão, a Coreia do Sul e a Europa (também conhecidos como bons pagadores).

Por fim, o Brasil reforça sua participação como importante fornecedor de carne ao mundo, aumentando a sua participação no mercado asiático – com o faturamento subindo 40,90% pelas compras Chinesas e 16,7% por Hong Kong.

Já as importações pelo mercado árabe foram mistas. O Egito importou 67% a mais no 1º semestre de 2018, enquanto outros países recuaram nas compras. Os embarques para o Irã e para a Arábia Saudita, por exemplo, caíram 40,30% e 43,70% respectivamente, resultado das tensões do setor de petróleo e pela desvalorização de suas moedas.