A demanda chinesa deve continuar dando fôlego para as exportações do agronegócio brasileiro. Produtos como soja e carne bovina tiveram crescimento no acumulado do ano até agosto tendo o País asiático entre os principais destinos.
As exportações do agronegócio somaram US$ 68,52 bilhões entre janeiro e agosto, alta de 4,7% sobre 2017, puxada pelo aumento do volume em 3,8% no período. Os dados são do Ministério da Agricultura (Mapa).
Os embarques de soja em grão atingiram recorde para o período, de 64,6 milhões de toneladas, alta de 13,5% ante igual intervalo do ano passado. Segundo o Mapa, as exportações para a China somaram 50,9 milhões de toneladas e responderam por quase 30% do valor total exportado em produtos do agronegócio. Esse volume representa 42,7% da safra brasileira de soja 2017/2018, de 119,3 milhões de toneladas.
“Havia uma esperança que a tabela do frete fosse revertida, o que animou exportadores. Ainda que isso não tenha acontecido, eles estão aproveitando a forte demanda chinesa em meio ao conflito comercial com os Estados Unidos”, explica o diretor geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.
De acordo com relatório do Rabobank, a China ainda deve demandar entre 15 milhões e 20 milhões de toneladas da oleaginosa no último trimestre deste ano. No entanto, a expectativa é que os americanos forneçam boa parte desse volume aos chineses, já que os estoques brasileiros estão baixos, o que daria suporte às cotações da oleaginosa em Chicago.
Mendes acredita que os embarques de soja devem fechar o ano entre 72 milhões e 74 milhões de toneladas, ante 68 milhões de toneladas negociados em 2017.
Para o milho, porém, a expectativa é de que os embarques sejam ainda menores que os 20 milhões de toneladas projetados em após a greve dos caminhoneiros. No ano passado, o País exportou 29 milhões de toneladas. “O frete tem um peso maior sobre o cereal, que tem preços inferiores aos da soja. Esse aumento na tabela do frete foi monumental”, esclarece.
O Rabobank, por outro lado, projeta embarques de 27 milhões de toneladas do cereal para este ano. “Em função do forte ritmo de embarques de soja até agosto devido à guerra comercial entre China e EUA, espera-se que a janela de exportação de milho no Brasil seja deslocada para o último trimestre”, diz o banco em relatório.
Carnes
A carne bovina foi o destaque entre as exportações de proteína animal brasileiras nos primeiros oito meses do ano. Foram embarcadas um milhão de toneladas, incluindo o produto in natura e industrializado, alta de 10% ante o mesmo período do ano passado. “Esse crescimento se estenderá até novembro, com o dólar deixando o produto brasileiro mais competitivo”, afirma a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel.
Ela projeta embarques de até 1,7 milhão de toneladas neste ano ante 1,5 milhão de toneladas em 2017.
Os embarques de carnes de aves e suínos, por outro lado, registraram queda de janeiro a agosto, com restrições em mercados relevantes.
Foram embarcadas 405 mil toneladas de carne suína, retração de 12% no período. Para Lygia, o surto de peste suína na China poderá ser uma oportunidade de negócios e o impacto deve ser sentido em 2019.
Para o analista de proteínas da MBAgro, César Alves, a situação é preocupante. “Até que a Rússia volte a comprar, o cenário será complicado.
”As exportações de carne de frango recuaram 7,5% no período, para 2,6 milhões de toneladas no período, com embargos da União Europeia e problemas com a Arábia Saudita. “O começo do ano foi muito ruim, o que pesa para esse resultado negativo”, ressalta Alves. “Mas o setor tem uma pauta ampla de destinos e condições de fazer ajustes com rapidez”, acrescenta.