(Reuters) – As exportações de carne bovina do Brasil devem manter um ritmo de alta em 2020 após os recordes deste ano, diante de uma continuidade na forte demanda da China e de perspectivas positivas com Rússia, Estados Unidos e Indonésia, afirmou nesta terça-feira a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Segundo a entidade, as vendas para o mercado externo são o principal fator positivo para o segmento em 2020, uma vez que o mercado interno tende a permanecer em patamares semelhantes aos vistos em 2019.
Em nota, a Abrafrigo afirmou prever para o próximo ano um crescimento de cerca de 10% nos embarques do produto em relação a 2019, ano no qual o acumulado indica 1,7 milhão de toneladas exportadas até novembro —alta de 13% versus 2018.
“(Esperamos que) volte os EUA, que a Rússia habilite mais plantas, que comecem a aparecer bons números da Indonésia… Estamos otimistas, as exportações estão crescendo”, disse o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, ponderando que a concretização do avanço “depende do cenário internacional”.
O Brasil se vê em um impasse para exportar o produto aos EUA, que no início de novembro pediram mais informações e mantiveram um veto ao produto in natura, enquanto a Rússia tem habilitado plantas gradualmente e a Indonésia autorizou compras da carne brasileira em agosto.
Ainda assim, o grande impulso continua vindo da China, cujas aquisições de proteínas dispararam em 2019, quando surtos de peste suína africana dizimaram a enorme criação de porcos do país.
No acumulado do ano, segundo dados da Abrafrigo, o mercado chinês, incluindo Hong Kong, absorveu 42,2% de toda a carne bovina vendida ao exterior pelo Brasil, ou cerca de 727 mil toneladas.
Perguntado se os expressivos crescimentos podem ser colocados apenas na conta do país asiático, Salazar foi enfático: “principalmente China”.
PREÇO DA CARNE NO BRASIL
A forte demanda internacional impactou diretamente no valor da carne no Brasil, com o preço do boi gordo atingindo na semana passada máxima histórica de 231,35 reais por arroba no indicador Esalq/B3, o que afeta as margens de lucros dos frigoríficos.
Para Salazar, as cotações vão se acomodar em um patamar mais baixo quando tudo se acalmar.
“Já está sinalizando que vai acomodar para um patamar mais baixo. Não vai ficar nem nos 165 reais que era anteriormente, nem nos 225 reais a que chegou. Deve ficar entre 180 e 190 reais”, disse.
Para o mercado interno, Salazar afirmou que o setor não possui muitas expectativas positivas para 2020, prevendo um patamar semelhante ao atual de renda e consumo.
“São as exportações que vão dar um ‘up’ no segmento.”