O setor de serviços de alimentação da China está se recuperando das restrições impostas no início deste ano pela Covid-19, o que é uma boa notícia para as exportações de carne bovina dos Estados Unidos, informa o portal norte-americano Feedstuffs, com base em declarações de Joel Haggard, vice-presidente sênior da Federação de Exportação de Carne dos EUA (USMEF) para a Ásia-Pacífico, de Hong Kong.
“Durante a semana do relatório mais recente (encerrada em 6 de agosto), as novas vendas de carne bovina dos EUA para a China ultrapassaram 1.900 toneladas, o que significa um volume próximo de 100 contêineres do produto sendo vendidos para a China em apenas sete dias – uma das maiores vendas semanais de todos os tempos”, afirmou Haggard.
Segundo dados da USMEF, no primeiro semestre de 2020, as exportações norte-americanas de carne bovina à China aumentaram 80% em relação ao ano anterior, tanto em volume, para 6.912 toneladas, quanto em valor, para US$ 54,1 milhões, na comparação com igual período de 2019.
De acordo com Haggard, os embarques dos EUA para China estão sendo impulsionados pelo avanço da Fase 1 do Acordo Econômico e Comercial entre os dois países, além da necessidade chinesa em preencher a enorme lacuna na produção interna de carne de porco depois que o seu rebanho foi dizimado pela peste suína africana. “Os altos preços da carne suína e a oferta limitada na China levaram as importações de proteínas concorrentes a níveis recordes”, disse.
Ainda segundo o representante da USMEF, a Austrália, que é o concorrente número 1 dos EUA nos embarques de carne bovina oriunda de animais alimentados com grãos (confinados), está enfrentando uma escassez de oferta de animais e preços mais altos. O país da Oceania, acrescenta o executivo, também está sob um sistema temporário de exclusão tarifária. “Isso torna os cortes de carne bovina dos EUA mais competitivos em preços na China”, ressalta.
Do ponto de vista da demanda, Haggard disse que a China está evoluindo para um mercado de carne bovina de animais que são alimentados no cocho. “Tendo como exemplo o comportamento da demanda registrado na Coreia do Sul, Taiwan e Japão, achamos que o mesmo processo vai ocorrer na China”, observou ele.
O fechamento de muitos hotéis de alto padrão e restaurantes independentes no primeiro semestre de 2020 – devido à pandemia da Covid-19 –, enfraqueceu muito a demanda por proteínas na China. “Mesmo com hotéis e restaurantes reabrindo, os consumidores chineses tendem a limitar os gastos a itens não essenciais diante da incerteza econômica”, disse Abraham Inouye, representante do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) na China. “Como a carne bovina não é uma parte tradicional da dieta da maioria dos consumidores chineses (além de ser a mais cara das proteínas disponíveis), a população chinesa tem reduzido o consumo de proteína vermelha”, acrescentou.
Mesmo na região mais desenvolvida economicamente do leste da China, Inouye disse que a demanda por carne bovina do setor de serviços alimentícios permanecerá restrita. Ele relatou ainda que, em junho de 2020, a indústria de Hotéis e Restaurantes em Pequim, Xangai e Shenzhen, China, havia se recuperado para 33%, 50% e 55%, respectivamente, dos níveis pré-Covid-19.
Haggard disse que alguns processadores de carne bovina dos EUA continuam cautelosos sobre entrar no mercado chinês, mas ele prevê mais participação, já que importadores, distribuidores e outros compradores em potencial estão demonstrando maior interesse na carne bovina dos EUA. Além disso, a USMEF está realizando atividades quase diárias na região asiática para ensinar aos participantes do mercado sobre os atributos da carne bovina dos EUA. (DBO)