A estiagem ainda provoca reduções na estimativa para a safra de milho deste ano. A expectativa de produção do cereal de segunda safra caiu 2,0% em setembro ante a projeção de agosto, o equivalente a 1,2 milhão de toneladas a menos, segundo os dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de setembro, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como resultado, a safra agrícola brasileira de 2021 deve totalizar 250,9 milhões de toneladas, um recuo de 0,3% em relação à estimativa feita em agosto, completando seis meses de quedas consecutivas.
“Realmente a queda do milho de segunda safra foi muito grande e traz impacto econômico para o País, que é o aumento do preço do milho. A tendência é o preço se manter elevado. O milho impacta várias cadeias de produção, especialmente suínos e aves”, frisou Carlos Alfredo Guedes, gerente da pesquisa do IBGE.
Na passagem de agosto para setembro, também houve redução nas estimativas para a produção de laranja (-7,2% ou 1,1 milhão de toneladas a menos), cana-de-açúcar (-3,8% ou 24,6 milhões de toneladas a menos), café arábica (-3,1% ou 62,9 mil toneladas a menos), aveia (-1,1% ou 11,5 mil toneladas a menos), algodão (-1,0% ou 60,2 mil toneladas a menos) e trigo (-0,6% ou 46,9 mil toneladas a menos).
A produção brasileira de trigo está prevista em 8,14 milhões de toneladas, 31% a mais que em 2020. No entanto, o pesquisador do IBGE pondera que é necessário aguardar a colheita do grão no Rio Grande do Sul, uma vez que é uma cultura bastante sensível a chuvas nessa etapa da produção.
“Na verdade, os produtores aumentaram a área plantada porque os preços estão bem favoráveis para o trigo”, justificou Guedes. “Essa safra de 8 milhões (de toneladas) realmente é muito boa”, afirmou o pesquisador, lembrando que ainda assim o Brasil precisará importar trigo este ano, para dar conta do consumo doméstico que gira em torno de 12 milhões de toneladas.
Em setembro, houve melhora nas estimativas de produção frente a agosto para o feijão 3ª safra (6,0% ou 33,8 mil toneladas a mais), tomate (4,3% ou 163, 6 mil toneladas a mais), café canephora (1,7% ou 15,4 mil toneladas a mais), feijão 2ª safra (1,6% ou 15,0 mil toneladas a mais), milho 1ª safra (0,9% ou 232,1 mil toneladas a mais),feijão 1ª safra (0,3% ou 3,0 mil toneladas a mais), soja (0,2% ou 268,7 mil toneladas a mais) e cevada (0,1% ou 657 toneladas a mais).
Após mostrar recuperação em setembro, a produção total de feijão será de 2,7 milhões de toneladas, praticamente o consumo aparente brasileiro, com alta de 1,9% ante a projeção de agosto. Na comparação com 2020, porém, a safra de feijão será 5,6% menor.
“Nosso consumo é bem próximo ao que a gente está colhendo, gira em torno de 2,8 e 2,9 milhões de toneladas. É uma cultura que a gente não consegue exportar. Quando tem alguma falta de feijão, a gente importa de outros países. Mas não tem tantos países assim produtores, é um consumo mais brasileiro mesmo. Mas está bem apertado em relação à produção que a gente consome”, disse Guedes.
O pesquisador ressalta que a nova safra de feijão, referente à primeira de 2022, “é plantada agora em outubro e em janeiro já começa a entrar no mercado”. “Então acredito que não tenha impacto nos preços nos últimos meses do ano. Essa terceira safra acabou de ser colhida, e em janeiro já começa a entrar uma safra nova”, justificou.
No próximo mês o IBGE começa a divulgar o prognóstico para a safra agrícola de 2022, que já começa a ser plantada.
“As chuvas estão aparentemente mais normalizadas. Tem de aguardar um pouco o próximo prognóstico para ver o que nossos colegas do IBGE vão trazer do campo. Aparentemente teremos uma safra mais normal para o plantio da soja e do milho, que são as mais importantes para esse início do ano”, concluiu o pesquisador do IBGE.
(AE)