Enquanto o Brasil, mesmo com a presença da Covid-19, reforça a sua posição de liderança nas exportações mundiais de carne bovina, o Uruguai reduziu consideravelmente os abates e, consequentemente, os embarques da proteína nos primeiros quatro meses do ano. Com mais dois agravantes: houve forte aumento das importações uruguaias de carne bovina no quadrimestre e considerável redução nos preços pagos aos pecuaristas locais em igual intervalo de tempo.
A análise acima faz parte do relatório de mercado divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Carnes (INAC), órgão fundado há 50 anos e representante da cadeia de carne do Uruguai.
No acumulado de janeiro a abril de 2020, o abate de bovinos sofreu retração de 28% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto os preços nas fazendas dos novilhos e vacas caíram 22% e 24%, respectivamente, informou o presidente do INAC, Fernando Mattos.
Por sua vez, o volume acumulado das exportações de carne bovina caiu 25% no quadrimestre, para 143 mil toneladas, quase 50 mil toneladas a menos em relação à quantidade de 190 mil toneladas registrada em igual período 2019. Em receita, os embarques registraram uma queda de US$ 114 milhões em comparação com o faturamento dos primeiros quatro meses de 2019.
Segundo o presidente do INAC, neste ano, houve uma reestruturação dos mercados importadores da carne uruguaia. A China registrou uma queda em sua participação, passando de representar 52% do volume de carne bovina exportada pelo Uruguai, ante a fatia 61% observada no ano passado. Por sua vez, o mercado do Nafta (EUA, Canadá e México) ganhou participação, passando de 20% para 25%, porém, sem conseguir compensar a queda nas importações chineses, observa Mattos.
Nesse contexto, informa o INAC, a renda média gerada pelas exportações de carne bovina apresentou uma tendência de queda durante os primeiros quatro meses do ano, ficando 18% (média de abril) abaixo do valor médio de dezembro de 2019.
Em relação ao mercado interno, houve um significativo aumento de importações de carne bovina, que atingiram quase 11 mil toneladas no quadrimestre, representando 25% do total comercializado em seu mercado interno no quadrimestre, ante a participação de 11,5% registrada em igual intervalo de 2019 e de 6,7% verificada no mesmo período de 2018, de acordo com o INAC.
Além disso, a depreciação na taxa de câmbio do Uruguai foi menor se comparada ao movimento de desvalorização observado no Brasil e Argentina, situação que contribuiu para a menor competitividade da carne bovina do Uruguai no mercado internacional. Segundo o INAC, em meados de maio, a carne exportada pelo Uruguai valia US$ 3,18 por tonelada, ante o preço de US$ 2,10/tonelada da carne brasileira e US$ 2,30 do produto argentino. (DBO)