Embora ainda não tenha se tornado um empecilho para as exportações brasileiras, com a proteína animal atingindo recorde no 1º trimestre do ano, a situação da oferta de contêineres refrigerados no país está longe de ser confortável.
Maior empresa global do setor, Maersk, anunciou nesta quinta-feira (9/4) a transferência de 1,8 mil contêineres refrigerados para o Brasil. O foco é suprir as movimentações de carnes e frutas a partir deste mês.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, as exportações brasileiras de carnes somaram 1,68 milhão de toneladas nos três primeiros meses do ano, avanço de 9,4% ante igual período do ano passado. No caso das frutas, foram 236,9 mil toneladas, queda de 1,9% na mesma comparação.
“Houve mais dificuldade de conseguir contêiner por conta de problemas de logística em alguns países que decretaram regras mais rígidas para receber navios, mas nada que atrasasse ou complicasse a situação das exportações”, explica Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Segundo Turra, a situação só apresentou melhora após os países importadores, percebendo o risco de desabastecimento, passaram a liberar a entrada de cargas alimentícias. “Todos tomaram a iniciativa única de liberar passagem para alimentos, mas não só depois de perceberem que a carga estava encalhando e gerando desabastecimento”, revela.
Embarques garantidos
Segundo a Maersk, os contêineres represados na Ásia estavam sendo usados como unidades de refrigeração para proteger as mercadorias brasileiras enviadas para a Ásia. “De fato, no atual cenário desafiador, a logística reversa provou ser uma questão importante para o setor global de armadores”, reconhece a companhia.
Além da transferência de contêineres, a Maersk também já anunciou o estabelecimento de rotas alternativas, entre elas um trem intercontinental que conecta a Europa à Ásia.
Os contêineres trazidos pela empresa ao Brasil também atenderão a Argentina. “Com o real atingindo o valor mais baixo de todos os tempos e a alta do consumo de produtos frescos na Europa, EUA e Ásia, as exportações permanecem fortes”, destaca Roberto Rodrigues, diretor administrativo da Maersk Costa Leste da América do Sul. (Globo Rural)