Yago Travagini é economista e consultor pela Agrifatto
Como de costume, os embarques de carne bovina sofreram um recuo na 3ª semana do mês. A média diária embarcada para fora do país caiu 12% no comparativo com a semana retrasada, saindo de 8,21 mil toneladas/dia para 7,26 mil toneladas/dia. O recuo do dólar durante toda a semana para um nível abaixo dos R$ 5,30 e as compras fortemente aquecidas nas duas primeiras semanas do mês explicam esse recuo no volume diário exportado.
Vale a ressalva que o preço da tonelada exportada sofreu um leve acréscimo de 0,23% no comparativo semanal, chegando ao valor médio de US$ 4,09 mil/t. Ainda assim, o recuo na média diária da receita obtida com as vendas de proteína bovina caiu 11%, chegando a US$ 29,69 milhões/dia. Com a consolidação de tais números, a perspectiva é de que o total exportado no mês de fique em torno de 160 mil toneladas.
As exportações de milho brasileiro continuaram o seu movimento de recuo, saindo de 384,26 mil toneladas/dia na semana retrasada e estabelecendo-se em 350,32 mil toneladas/dia na última semana. O recuo de 9% pode ser explicado em parte pelas operações de washout, onde o milho que estava destinado a exportação é enviado de volta ao mercado interno, graças aos preços domésticos estarem mais atrativos.
Acompanhando a queda no volume embarcado, a receita obtida com a venda de cereal caiu 8%, atingindo uma média diária de US$ 58,91 milhões/dia. Com tal desempenho, a dificuldade para rompermos a expectativa de mais de 34 milhões de toneladas exportadas de cereal deve crescer ainda mais.
Com a demanda interna se reduzindo devido aos preços elevados (migração para proteínas e óleos substitutos), as exportações da oleaginosa voltaram a ganhar fôlego. A média diária de soja embarcada cresceu pela segunda semana consecutiva, atingindo o total de 224,81 mil toneladas/dia, 14% a mais do que a média da semana passada. Com tamanho volume, há espaço para que o recorde de setembro/19 seja quebrado neste ano, com mais de 4,7 milhões de toneladas enviadas para fora do país.
Apesar do avanço de 14% no volume médio embarcado, receita obtida com a venda da oleaginosa cresceu apenas 8% no comparativo semanal, estabelecendo-se em US$ 77,45 milhões/dia. Isso porque o preço médio recuou 5%, voltando a ser negociado abaixo dos US$ 350/t. A presença da safra norte-americana começa a atuar como competição para as vendas externas brasileiras.