Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto
Na semana passada verificou-se o terceiro resultado trimestral positivo para a economia brasileira, com o Produto Interno Bruto (PIB) equilibrado entre julho e setembro deste ano.
Segundo os dados do IBGE, a tímida variação positiva foi de 0,1%, com o resultado limitado pelo avanço lento da indústria este ano, consequência da alta ociosidade produtiva e pouco investimento em tecnologia do setor.
Por outro lado, foi registrado em outubro a abertura de 76.599 novos postos de trabalho com carteira assinada, o sétimo mês consecutivo de resultado positivo e o melhor desempenho para o mês de outubro desde 2013 (segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados -CAGED).
O bom desempenho das exportações de carne bovina in natura, que devem fechar 2017 com crescimento de 18%, e a redução da taxa Selic para 7,00%, que retorna aos patamares de 2013 após alcançar a máxima em janeiro de 12,90%, aumentam a expectativa de obtenção de crédito e devem auxiliar na retomada do crescimento em 2018.
Deste modo, o controle da inflação e a manutenção da recuperação do desemprego refletem-se mais rapidamente sobre o consumo das famílias, uma notícia positiva para a pecuária, que está intimamente relacionada a demanda interna.
Além dos fatores apresentados, a recuperação lenta, mas em ambiente de menor alavancagem da população, é um importante fator de sustentação à demanda por carne bovina.
O gráfico 1 demonstra a estreita relação entre a variação do PIB (% – eixo da esquerda) e as alterações dos preços praticados pela arroba do boi gordo, tendo como referência o indicador do boi gordo calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA (R$/@ – eixo da direita).
Pela primeira vez desde 2012 ocorrem, em sequência, três resultados positivos para o PIB que elevam o otimismo para 2018 de forma mais sólida neste semestre. Com a projeção para o último bimestre deste ano reajustada para 0,86%, segundo o último boletim Focus do dia 01 de dezembro.
Ademais, se observa importante relação entre a movimentação da arroba com os resultados do PIB ao longo de 2017, isso porque o principal incentivo para ambas as referências veio pelo fortalecimento do consumo.
Desta forma, o carrego das cotações exibidos nos contratos futuros da B3 (antiga BM&FBovespa), apontam que a confiança do mercado continuará ao longo dos próximos meses. De acordo com o valor do contrato de dez/17, cotado hoje em R$ 147,65/@, há uma variação positiva em torno de 4,72% em relação à média do mês anterior, mantendo a pressão positiva em proporção superior ao registrado entre outubro e novembro.
Além disso, a média parcial do indicador CEPEA em dezembro já mostra recuperação dos patamares de março deste ano, período anterior à expressiva queda registrada logo em abril (gráfico 2).
O mercado futuro precifica a atual relação de baixa oferta de animais terminados e a melhora do consumo interno pela época do ano, além de também já considerar em certa medida as previsões mais otimistas para a demanda em 2018.
Confirmando também pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Casto, ao estimar que no caso de a atividade crescer no nível projetado, a importação deve subir 15,5%, contra um avanço das exportações de commodities de 5%.
Portanto, o melhor consumo interno que promoveu oportunidades de venda em novembro nos melhores patamares do segundo semestre, deve continuar oferecendo sustentação ao longo de 2018, equilibrando os preços da arroba em patamares além daqueles verificados em 2017.