Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

 

Assim como as cotações do milho, os preços de comercialização da soja ao longo de 2017 permaneceram abaixo da média dos últimos 10 anos, em R$ 77,15/saca de 60 kg.

A média histórica foi calculada a partir do indicador soja elaborado pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), corrigido pelo IGP-DI e com referência o porto de Paranaguá – PR.

Neste ano, observa-se que as mínimas registradas em março respeitaram o suporte de R$ 65,00/saca, já observado em 2011.

Além disso, desde que esse preço fora superado em 2010, o equilíbrio sempre se mostrou acima dos R$ 65,00/saca, indicando que valores inferiores causam desestímulo à comercialização e cultivo do grão, com a baixa liquidez e redução da área promovendo pressão positiva no período que se segue.

Já as máximas são registradas quando os valores alcançam níveis acima de R$ 90,00/saca. A exceção fica por conta de 2012, quando a quebra de safra dos principais produtores mundiais por problemas climáticos e o baixo estoque mundial causou forte aumento para as cotações internacionais, com os preços brasileiros sendo ainda beneficiados pelos prêmios nos portos.

A média parcial do indicador CEPEA para novembro valendo R$ 73,82/saca demonstra que, após subir 10,60% desde as mínimas de março/17, aos poucos, se aproxima do valor histórico médio.

No momento, o fator climático exerce principal influência para os preços no médio prazo, com a possibilidade de uma La Niña na América do Sul como principal pressão positiva. Por outro lado, o mercado estima um aumento da área brasileira semeada com soja, com provável avanço das previsões de produção, o que pode manter os preços ainda em patamares baixos.

Considerando as cotações no mercado, futuro, a máxima se registra para o contrato de agosto/18 no valor de US$ 10,23/bushel, o que projeta um preço no porto para o mesmo mês de R$ 77,50/saca. Considerando o contrato de maio/18, na esteira na colheita, cotado hoje a US$ 10,11/bushel, o preço estimado no porto de Paranaguá fica em R$ 74,40/saca.

Portanto, o mercado projeta uma continuidade de preços para a oleaginosa ainda em patamares baixos, com o ágio no período de entressafra puxando os preços até as médias históricas.

Por fim, os preços mais baixos, com consequente menor remuneração, retiram investimentos em tecnologia e colocam barreiras à comercialização em toda a cadeia produtiva, o que também afeta em certa medida o manejo no campo.

Deste modo, a atenção à ferrugem asiática nesta safra deve ser ainda maior, além do prolongamento da janela de plantio que pode levar a soja ao estágio reprodutivo no período de chuvas, sendo que a menor aplicação de tecnologia pode causar aumento da pressão da doença.

Por fim, além do primeiro registro desta safra de ferrugem asiática em São Paulo, outros dois casos foram identificados essa semana no interior do Paraná.