Economistas consultados pelo Ministério da Economia pioraram expressivamente sua estimativa para o rombo primário do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) neste ano a 708,876 bilhões de reais, conforme Prisma Fiscal divulgado nesta sexta-feira.
No relatório anterior, de maio, o déficit havia sido projetado em 571,409 bilhões de reais, pela mediana dos prognósticos. O dado mais recente também veio acima da última estimativa oficial do Ministério da Economia, de rombo de 675,7 bilhões de reais para o governo central neste ano.
O ajuste vem a reboque de novo crescimento calculado para as despesas, refletindo forte impacto da crise do coronavírus sobre a atividade e as ações do governo para tentar mitigá-lo.
No Prisma, com dados coletados até o quinto dia útil deste mês, os economistas elevaram em 85,079 bilhões de reais os gastos previstos para 2020, a um total de 1,844 trilhão de reais.
Já para a receita líquida, linha que desconta as transferências a Estados e municípios, o cálculo foi de queda de 22,128 bilhões de reais, a 1,166 trilhão de reais.
A meta para o governo central neste ano é de déficit de 124,1 bilhões de reais, mas o governo não precisará cumpri-la em função do estado de calamidade pública.
Para 2021, economistas também pioraram suas estimativas a um rombo de 200 bilhões de reais, frente ao patamar de 169,402 bilhões de reais da previsão anterior.
O governo fixou meta de déficit primário de 149,61 bilhões de reais para o ano que vem, mas pediu flexibilidade no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para que ela seja mudada sempre que as receitas para o próximo ano forem recalculadas, já admitindo que o oitavo déficit anual consecutivo do país deve ser muito pior.
Com a deterioração das contas públicas, a expectativa agora é que a dívida bruta sobre o Produto Interno Bruto (PIB) suba a 92,68% em 2020 e a 92,79% em 2021. No Prisma anterior, as projeções eram de 89,95% e 88,60%, respectivamente.