A quarentena para conter a disseminação do coronavírus no Estado de São Paulo será prorrogada até o dia 31 de maio, anunciou nesta sexta-feira o governador paulista, João Doria (PSDB), que afirmou ser impossível relaxar as medidas de restrição, como fechamento do comércio não essencial, num momento em que a curva da pandemia está em ascensão.

“Como governador de São Paulo, eu gostaria de dar uma notícia diferente da que vou dar agora, mas o cenário é desolador. Teremos que prorrogar a quarentena até 31 de maio”, disse Doria em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

No dia 22 de abril, Doria anunciou que o governo elaborava um plano para reabertura da economia paulista —que dependeria do andamento da pandemia no Estado, da adesão ao isolamento social e da ocupação de leitos— a partir do fim do decreto atual, no dia 10 de maio, e que seria detalhado nesta sexta.

A primeira quarentena decretada por Doria para tentar conter o coronavírus começou a vigorar no dia 24 de março.

Segundo o governador, o avanço da pandemia em São Paulo —com a aceleração do número de casos— e a baixa adesão ao isolamento social —que tem estado abaixo de 50% em dias de semana— inviabilizaram a reabertura.

“Nenhum país do mundo conseguiu relaxar o isolamento social com a curva de contaminação em alta. Repito: nenhum”, disse Doria.

“Infelizmente, nas últimas semanas, houve um desrespeito à quarentena em São Paulo, tristemente, e em outras partes do Brasil também. E o número de casos aumentou, e aumentou dramaticamente. No mês de abril, houve um aumento de 3.300% no ritmo do crescimento dos casos de coronavírus nos municípios do interior e do litoral do Estado de São Paulo. Na região metropolitana, um aumento de 770% em apenas 30 dias.”

O governador disse que, por ora, não existem estudos para a adoção de um lockdown no Estado, mas alertou que esta medida, ou outras de restrição mais duras não estão descartadas e que o governo pode lançar mão delas até mesmo antes do fim da nova quarentena, no dia 31 deste mês.

Também presente na entrevista coletiva, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que assumiu interinamente a coordenação do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, disse que a reabertura dos setores econômicos afetados pela quarentena dependerá de um isolamento social mínimo de 55%, de uma redução sustentada no número de novos casos no Estado durante 14 dias e de uma ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) menor que 60%.

Atualmente, o Estado como um todo tem índice de 70% de ocupação de leitos de UTI, número que sobe para 89,6% quando se analisa apenas a região metropolitana da capital paulista.

Doria voltou a fazer uma defesa enfática do isolamento social e reiterou os pedidos para que as pessoas que puderem permaneçam em suas casas e evitem circular quando não houver necessidade extrema.

“Aqui em São Paulo estamos salvando —pelos dados da Universidade de São Paulo, num estudo recentemente concluído— 51 vidas todos os dias pelo isolamento e pelas iniciativas que o governo do Estado de São Paulo e os prefeitos dos 645 municípios deste Estado estão fazendo. Até o dia 21 de maio, nós estaremos poupando 3.246 vidas”, afirmou. (Reuters)