O dólar caía acentuadamente contra o real nos primeiros negócios desta quinta-feira, após registrar forte ganho na sessão anterior, com os investidores de olho na política local e em dados sobre emprego dos Estados Unidos.
Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro ensaiou um discurso alinhado com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), em defesa da manutenção do teto de gastos e da responsabilidade fiscal, em meio a incertezas na equipe econômica que têm elevado a cautela dos investidores sobre a agenda de reformas no Brasil.
“Hoje o mercado está digerindo o pronunciamento de Bolsonaro, que passa uma mensagem positiva, mas ainda há muita dúvida em relação ao quadro fiscal”, disse à Reuters Flávio Serrano, economista-chefe do banco Haitong, que também citou melhora depois do movimento da véspera, quando o dólar saltou 0,70%, a 5,45265 na venda, mesmo com intervenções do Banco Central no câmbio.
No total, o BC vendeu o equivalente a 1 bilhão de dólares na quarta-feira com a colocação de 20 mil contratos de swap cambial, o que, segundo Serrano, aconteceu porque o movimento do real divergia de outras divisas arriscadas.
“O BC atuou porque viu um movimento que destoava do resto do mercado global. Ele sempre age dessa mesma forma: avalia o que está acontecendo e se é um movimento coordenado com economias emergentes, visando evitar a volatilidade.”
O Banco Central também anunciou que dará início na próxima segunda-feira à rolagem de contratos de swap cambial tradicional com vencimento em outubro.
Enquanto isso, no cenário internacional, o otimismo predominava depois que o número de norte-americanos que buscaram auxílio-desemprego caiu para menos de um milhão na semana passada pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19.
Às 10:15, o dólar recuava 0,54%, a 5,4230 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro tinha queda de 0,42%, a 5,4165 reais.
Pares arriscados do real, como peso mexicano, rand sul-africano, lira turca e dólar australiano, registravam ganhos contra a moeda norte-americana, que também perdia força ante uma cesta de pares fortes.
Apesar do ajuste desta quinta-feira, o dólar ainda acumula ganhos de quase 35% contra o real em 2020, impulsionado por um cenário de juros baixos e de incertezas políticas e econômicas: “O dólar vem sendo já há algum tempo uma fonte de proteção do mercado”, explicou Flávio Serrano. (Reuters)