O dólar recuava frente ao real nesta quinta-feira, que deve contar com menor volume devido a feriado nos Estados Unidos, com os mercados digerindo dados domésticos de inflação mais fortes do que o esperado.
O IBGE informou nesta manhã que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,17% em novembro, sobre alta de 1,20% no mês anterior. O resultado marca a taxa mais elevada para um mês de novembro desde 2002, quando o índice avançou 2,08%.
Nos 12 meses até novembro, o IPCA-15 acumulou alta de 10,73%, resultado mais alto para o índice desde que chegou a 10,84% em fevereiro de 2016.
Pesquisas da Reuters com economistas estimavam alta de 1,10% e 10,65%, respectivamente, nas bases mensal e em 12 meses.
“É ruim o fato de ter sido a maior alta (para o mês) desde 2002”, comentou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “Em 12 meses o IPCA-15 está bem distante do teto da meta; isso mostra que a gente perdeu um pouco a mão no controle da inflação.”
O objetivo de inflação para este ano é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medido pelo IPCA.
Em meio a várias surpresas para cima nas leituras de inflação recentes, participantes do mercado têm elevado suas expectativas para o patamar dos juros domésticos ao final do atual ciclo de aperto monetário do Banco Central, o que é visto como fator de suporte para a moeda local.
Na última pesquisa semanal Focus, do BC, economistas aumentaram sua estimativa para o patamar da taxa Selic a 11,25% ao final de 2022. Atualmente, os juros básicos estão em 7,75% ao ano.
Expectativas de juros mais altos em um país tendem a aumentar a atratividade de sua moeda para investidores internacionais, já que custos mais altos de empréstimos elevariam a rentabilidade de investimentos atrelados à taxa básica local.
Às 10:09, o dólar recuava 0,19%, a 5,5833 reais na venda. Enquanto isso, na B3, o contrato mais líquido de dólar futuro caía 0,43%, a 5,589 reais.
Mas — como a inflação elevada não tem marcado presença apenas no Brasil — expectativas de aperto monetário mais cedo do que o esperado nos Estados Unidos são vistas como empecilho para o desempenho do real.
Em meio à alta persistente dos preços ao consumidor dos EUA, várias autoridades do Federal Reserve disseram que estariam abertas a acelerar a conclusão de seu programa de compra de títulos se a inflação elevada se mantivesse e também a agir mais rapidamente para aumentar os juros, mostrou a ata de sua última reunião.
Isso levou o índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes a uma nova máxima em 16 meses na quarta-feira, embora ele mostrasse leve recuo em relação a seus picos recentes nesta quinta.
“Esperamos uma reação mais contundente de política monetária (do Fed) caso os dados correntes não apresentem sinais de alívio nos primeiros meses do ano que vem”, disseram em relatório economistas do Bradesco.
Eles chamaram a atenção no documento para “liquidez reduzida (nos mercados internacionais) devido ao feriado de Ação de Graças nos EUA”.
A moeda norte-americana spot fechou a última sessão em queda de 0,25%, a 5,5942 reais na venda.
(Reuters)