O dólar passava a subir frente ao real nesta sexta-feira, mas caminhava para encerrar a semana em baixa, em linha com as perdas registradas pela moeda no exterior nos últimos dias devido à redução de temores sobre os rumos dos juros nos Estados Unidos.
Às 10:20 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,10%, a 5,5343 reais na venda.
Na B3, às 10:20 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,07%, a 5,5520 reais.
Na semana, a moeda spot caminhava para queda de 1,7%, depois de fechar a última sexta-feira em 5,6318 reais na venda.
O dólar também estava a caminho de perdas semanais no exterior, depois que seu índice frente a uma cesta de pares fortes recuou nos últimos três pregões. Nesta manhã, o índice rondava a estabilidade, mas chegou a cair para uma mínima desde novembro do ano passado mais cedo.
As perdas recentes do dólar refletem a percepção de investidores de que a maior parte da guinada mais dura na conduta da política monetária do banco central dos Estados Unidos –que geralmente é fator de apoio para o dólar– já foi precificada.
Recentemente, várias autoridades do Federal Reserve –incluindo Lael Brainard, diretora nomeada ao cargo de vice-chair da instituição– defenderam que o primeiro aumento de juros nos EUA desde o início da pandemia aconteça já em março deste ano.
A expectativa predominante nos mercados é de que, depois da alta das taxas de empréstimo em março, o banco central aumente os juros mais duas vezes neste ano. Mas apostas mais agressivas, de que o Fed promoveria mais de três aumentos em 2022, perderam força nesta semana após dados de inflação norte-americanos em linha com as expectativas.
RISCO FISCAL
No Brasil, a cautela em torno da saúde das contas públicas permanecia elevada, após representantes de auditores fiscais que se reuniram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na quinta-feira, deixarem o encontro frustrados com a não apresentação de uma solução sobre o pagamento do bônus de eficiência reivindicado pela categoria, falando em acirramento de seu movimento de protesto.
A pressão de várias categorias do funcionalismo por reajustes salariais tem preocupado agentes dos mercados nas últimas semanas, com a percepção de que mais despesas do governo neste ano poderiam minar ainda mais a credibilidade fiscal do Brasil. Em 2021, ela foi abalada pela promulgação da PEC dos Precatórios, que alterou a regra do teto de gastos da União.
“Se o Brasil mostrar que não tem controle das contas públicas (o investidor estrangeiro) não vai querer alocar recursos nesse país” em meio à alta dos juros nos Estados Unidos, disse à Reuters Gilvan Bueno, gerente educacional da Órama Investimentos.
Ele chamou a atenção para o atual ciclo de aperto monetário do Banco Central do Brasil, que, embora aumente a atratividade do mercado doméstico de renda fixa, eleva a dificuldade de pagamento da dívida pública nacional, fator observado de perto por agentes internacionais para suas decisões de investimento.
A taxa Selic está atualmente em 9,25% ao ano.
E pode haver mais riscos no horizonte com a aproximação das eleições presidenciais de outubro deste ano, segundo o especialista. “Historicamente, o câmbio, a inflação e a bolsa oscilam muito em anos eleitorais. Se o candidato que crescer nas pesquisas tiver um perfil mais gastador, a tendência é de piora dos ativos locais.”
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão em baixa de 0,13%, a 5,5286 reais na venda, menor valor desde 17 de novembro do ano passado (5,5264 reais).
Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 17 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de março de 2022.
(Reuters)